Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Hoje é um dia especial. Não sei o que aconteceu mas tudo corre bem. Não tenho que me apressar para ir deixar os rapazes na escola e seguir para o trabalho. Não tenho que limpar a casa. O cesto da roupa suja está vazio, o que é coisa inédita cá em casa.
Os rapazes nem parecem eles. Dormiram, pela primeira vez na vida, até as dez da manhã. Acordaram bem dispostos e ainda não houve dramas. Estão mais silênciosos que o habitual e fazem tudo o que lhes digo à primeira.
Comecei um livro e não fui interrompida nem uma vez. O marido disse que hoje tratava do almoço e eu agradeci. Fiquei pelo cadeirão até ouvir que o comer estava pronto.
Os rapazes ajudaram o pai a colocar a mesa. Conversaram sobre os últimos dias sem falarem uns por cima dos outros.
Depois de almoço saíram todos para a rua. Eu troquei o cadeirão pela cama de rede, continuei a leitura até cair no sono. Acordei com o rebuliço dos meus homens a entrarem em casa.
Vinham suados e felizes da brincadeira. Não foi preciso dizer nada. Seguiram ordeiramente para o banho sem discutirem a ordem do uso do mesmo.
O jantar foi preparado em conjunto. As malas da escola foram preparadas para o dia seguinte e a roupa escolhida.
Na hora de dormir fui surpreendida com quatro rapazes deitados em silêncio. Nada de confusão, nada de birras, nem implicâncias.
Eu desfrutei ao máximo desta harmonia tão pouco usual mas tão benéfica. Aproveitei bem porque sabia que era sol de pouca dura.
Os gémeos tinham que fazer um bolo com materiais reciclados para festejar o aniversário da instituição que frequentam. A mãe trouxe do trabalho os interiores dos rolos de etiquetas. Teve a magnífica ideia de fazer um bolo em forma de flor usando 7 rolos de cartão.
Chegada a casa os rolos ganharam vida.
Formaram torres. Tornaram-se pulseiras e armaduras. Serviram de pinos para jogar bowling e mais muito mais.
Simples rolos que deram asas à brincadeiras e brincadeiras.
No sábado aproveitamos o dia de sol e fomos passear. Resolvemos levar os rapazes a andar de comboio. Os gémeos nunca tinham andado e os mais velhos já estavam esquecidos.
Foi uma grande aventura. Perdemos o comboio que queríamos apanhar e tivemos que entreter os rapazes durante quase uma hora. Na pressão de tentar apanhar o comboio comprámos um cartão com 6 viagens e não um cartão para cada um. O pai teve que voltar à máquina para tirar outros 5 bilhetes enquanto eu fiquei a jogar ao macaquinho do chinês com eles.
Quando os rapazes começaram a desesperar chegou o nosso e lá seguirmos viagem.
Eles adoraram. Foram o caminho todo a fazer perguntas. Queriam saber tudo.
Na vinda a coisa já foi um pouco diferente. O comboio estava cheio. Na verdade não estava totalmente cheio mas muitos lugares estavam ocupados por malas. Uma senhora retirou logo a mala quando viu o Leonardo. Logo outra tirou um saco para dar lugar ao Santiago. Encontrei outro assento vago e o Salvador foi para lá. Assim seguimos viagem um em casa ponta. Os rapazes vieram lindamente não incomodaram ninguém. O comboio começou a vazar e eu consegui lugar ao pé do Salvador. A senhora do banco ao lado contava que também tinha gémeos. A do banco atrás dizia que o Santiago já dormia. Outra comentava que era uma casa cheia com três rapazes. O Salvador começou logo a dizer que eram 4 rapazes e que o Guilherme estava sentado na frente. É impossível sair com eles todos sem que todos reparem em nós.
Foi um dia bom e divertido. Eu acho que não o vão esquecer tão cedo.
O desafio desta semana consiste na criação de um manual para iniciar relacionamentos. Apesar de ter uma relação de vários anos não sei bem o que partilhar neste manual. Talvez porque os relacionamentos não são todos iguais, afinal se nós somos todos diferentes não nos podemos relacionar da mesma forma. O que resulta para uns não funciona para os outros. Se uns acham que a relação sobrevive com muitos passeios e passeatas, outos defendem que é melhor passarem tempo a sós no sossego da casa. Existe quem diga que o não ter preocupações monetárias ajuda o relacionamentos enquanto outros defendem que as adversidades unem o casal. As opiniões sobres os filhos, sobre gostos semelhantes ou diferentes, regimes alimentares e religião também não são uniformes.
Assim sendo resolvi deixar a minha opinião pessoal. Não vou partilhar convosco a receita infalível apenas noções básicas que podem ajudar.
O ponto principal numa relação é respeito mutuo. Respeitar e ser respeitado é meio caminho andado para um bom entendimento.
Não pode existir violência de forma alguma. Nem física, nem psicológica. Caso isto aconteça a relação está condenada ao fracasso.
Não abdicar de sonhos ou gostos pelo companheiro.
Nunca pedir ao companheiro para alterar os seus sonhos ou gostos.
Aceitar as diferenças e abraçar as igualdades.
Aceitar discordar e negociar até os mais pequenos pormenores de uma vida conjunta.
Trabalhar no relacionamento e nunca deixar o amor esmorecer
Terem tempo para passarem juntos e tempo para cada um. O tempo pessoal é muito importante e muitas vezes esquecido.
Trabalharem em conjunto e não um contra o outro.
Poderia falar muito mais coisas mas considero que os pontos principais são estes.
P. S. :Publiquei o texto na sexta-feira mas algo correu mal, ele evaporou e só hoje, terça-feira, percebi que não foi publicado 🙄
- Mãe vou receitar uma vacina bebível a ver se o seu bebé deixa de estar sempre doente.
- Obrigada doutora.
Uns dias mais tarde o bebé adoeceu de novo e foi levado à urgência. A mãe explicou o agravamento dos sintomas e recebeu a seguinte resposta.
- Mas quem é que lhe receitou este medicamento.
- A médica de família.
- E a mãe deu a medicação sem questionar. Vai parar já a medicação. Vou receitar antibiótico e um spray para o nariz. Dentro de dias já estará bom.
O bebé ficou melhor mas tornou a piorar assim que terminou o antibiótico. A mãe resolveu consultar um otorrino.
- Quem é que lhe prescreveu este spray?
- Uma médica na urgência.
- Este tipo de spray empurra o ranho directamente para os ouvidos e origina as otites. Coloque soro, muito soro. Entretanto vou encaminhar o menino para a alergologia porque já são muitas crises.
- Obrigada Doutor.
Dias depois vão à dita consulta. Depois de fazer o histórico a médica diz.
- Gostava de experimentar uma vacina bebível chamada X. Mãe orque está a olhar para mim com um ar tão escandalizado.
- É que eu já comecei a dar esse medicamento ao meu filho.
-E então?
- Ele ficou doente e eu tive que o trazer à urgência. A doutora que nos atendeu disse que nunca deveria ter dado essa medicação.
- A minha colega disse isso? Fico espantada com os diagnóstico dos meus colegas. Vou receitar um tratamento para a alergia e um spray.
A mãe saiu do consultório incrédula. É que isso de médicos, nunca fiando.
Desliguei o despertador que soava na mesa de cabeceira. PORRA! Já são horas de acordar? Estas noites estão a passar demasiado rápido. Parece que ainda agora me deitei e já são horas de levantar. PORRA!
Nem consigo abrir os olhos. Dói-me o corpo todo. Vou ficar aqui na ronha mais dez minutos até o despertador do marido tocar.
Deixo-me estar ali no quente da cama, sinto o sono a rondar, os olhos pesados. Estou quase a adormecer quando me recordo. PORRA! ainda só são três da manhã e tenho que dar o antibiótico ao Salvador.