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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

desafio de escrita dos pássaros #12

Mais uma sexta-feira de alvoroço. Tem sido assim nas ultimas onze. Pássaros e amigos dos pássaros a escreverem posts sem parar.

 

Para onde quer que olhemos lá está alguém a divagar sobre o tema da semana. Tenho tentado acompanhar os post mas é difícil. Cada vez que penso que estou quase a ler tudo lá chega mais uma sexta-feira com a sua enxurrada de textos.

 

De seguida chega o e-mail com o tema da próxima semana e a nossa mente fica ocupada a deslindar o que escrever. Entretanto alguém envia um dos textos para todos por engano e a nossa caixa de entrada fica congestionada com tantos emails. Depois temos ainda as reviravoltas que vão aparecendo ao longo das semanas. Uma oportunidade de vingança. Um envio de fotos. Textos em falta. Convidados surpresa.

 

Gente isto causa uma angustia em mim. Só penso que o raio dos pássaros não se calam.

 

Não me digam que acreditaram? É verdade que não se calam mas estou completamente viciada nisto. Leio textos magníficos, encontro gente fantástica. Mentes cuja escrita nos prende e só queremos ler mais. Não vou mencionar nomes porque são tantos que ainda corro o risco de ferir sentimentos se me esquecer de alguém. Não preciso de mencionar nomes, basta que passem pelo blog Desafio dos passaros e ficam logo a saber tudo .

Fruta da época

Miúdos com tosse. Miúdos ranhosos. Miúdos afónicos. Para onde quer que olhe está igual. 

Ontem estive presente numa aula do Leonardo. Fiquei sem entender como os professores conseguem dar aulas com todo aquele barulho de fundo. Tão pouco percebi como é que as crianças conseguem perceber alguma coisa. Todos fechados dentro de uma sala em que mais de metade dos indivíduos tosse a cada três minutos. 

Claro que o meu Leonardo também está a ficar congestionado. O Guilherme já está a seguir o irmão e os gémeos começaram hoje a tossir. 

Acho que vamos ter um inverno muito difícil 😬

Porque não comes?

Num dia de semana ao jantar o Santiago perguntou:

- Mãe porque é que tu é o pai só comem uma vez?

- Só comemos uma vez?

- Sim. Vocês só comem à noite.

- Santiago nós comemos tantas vezes como vocês.

- Não, não. Eu não te vejo a almoçar.

- E eu vejo o teu almoço, por acaso.

- Não.

- Eu não vejo o teu almoço porque comes na escola e tu não vês o meu porque eu como no trabalho. Percebes?

- Então tu comes no trabalho. Pensava que o teu patrão não dava comida.

 

Só falta o rapaz ter andado a espalhar na escola🙄🤣🤣

Desafio de escrita dos pássaros #11

Já não estou entre vós. Tive dez bons anos de vida antes de sucumbir a uma doença. Quando digo dez bons anos quero mesmo dizer dez bons anos. Vivi rodeado de amor. Ao principio o amor dos meus donos era só para mim. Depois veio um pequeno ser de fraldas  e a tenção passou a ser dividida. Não passei a receber menos amor, antes pelo contrário aquele pequeno ser andava sempre grudado a mim. Entretanto adoeci e parti. Abençoada a hora.

Não me levem a mal mas aquilo virou uma casa de doidos. Depois de eu partir apareceram mais seres de fraldas. Dois deles tão iguais que nunca os conseguiria distinguir. Pequenas pestes que passam a vida a fazer traquinices. A minha dona quase que dá em doida com eles. Eu tenho pena dela. E o meu dono? Esse está mais branco que a Serra da Estrela em Dezembro. Sim, eu sei o que é a serra da estrela porque me levaram lá muitas vezes. Adorava brincar na neve. Os fedelhos também gostam. Seria divertido brincarmos todos juntos. Talvez não já os imagino a puxarem as minhas orelhas e o pelo.

Quem é que eu quero enganar! De facto aquilo virou uma casa de doidos. Falam alto, todos ao mesmo tempo. Por vezes parece que estão a discutir e às vezes estão mesmo. No entanto existem alturas em que os vejo todos aninhados no sofá a ver um filme e não sabem o que eu dava para estar lá. Imagino a lareira a arder e eu deitado ali ao pé. Um dos pequenos a desafiar-me para lhe abocanhar o chinelo ou para lhe dar uma lambidela na cara. São umas pestes mas eu também não sou flor que se cheire. Juntos íamos partir a casa toda.

 

O meu irmão

Em Setembro o Leonardo começou a frequentar o quinto ano. Voltou a estar na mesma escola do irmão mais velho e nós notámos uma grande diferença nos dois. 

A primeira melhoria foi o facto do Guilherme ter deixado de dizer que não gosta da escola e que não queria ir. Agora acorda animado, até empolgado. Conseguem estar prontos a horas e saímos de casa sem correrias, nem chatices. Está mais empenhado nas disciplinas e no estudo. 

O Leonardo anda radiante, não só está com todos os colegas como se encontra com o irmão algumas vezes. 

Esta semana o Guilherme faltou um dia pois tinha consulta. O Leonardo já não queria ir porque ia ficar sozinho. Eu argumentei que eles mal se cruzam durante o dia. Os intervalos são pequenos, nem sempre almoçam à mesma hora, quase nunca saem ao mesmo tempo. Argumentei tudo isto e a resposta foi.

- Mas eu sei que ele está lá!

E a verdade é mesmo essa. Um irmão trás uma sensação de aconchego que não é possivel colocar em palavras. Podem discutir, guerrear, brigar mas estarão sempre lá uns para os outros. 

Pijama ou pesadelo

Hoje é dia do pijama pelo que a maioria das crianças são desafiadas a passarem o dia de pijama. É um dia que elas costumam adorar. Passam o dia com a vestimenta mais confortável e aconchegante. Quem é que não adora vestir o seu pijama, seja graúdo ou criança?

Escolhi dois pijamas fantásticos para os rapazes levarem para a escola. O Salvador vestiu o seu sem problemas e encheu o peito de orgulho porque ia ser o polícia da sala.

O Santiago olhou para o dele e disse que não. Afirmou que o pijama do homem aranha não servia para a ocasião. Tentei compreender e deixei a escolha a cargo dele. Vinte minutos depois tinha experimentado todos e não queria nenhum. Um tinha um urso e não podia ser. O outro era azul, claro que não. Um estava excluído por ter naves espaciais.

Respirei fundo e sugeri que fossemos ver se o Leonardo tinha algum que ele gostasse. O único que não lhe ficava gigante tinha caveiras. Primeiro disse que sim mas depois de vestido já não quis. 

Claro que a minha paciência esgotou. Vestiu o que eu quis. Chorou grande parte do caminho. 

Chegamos à escola, os colegas estavam vestidos com pijamas do batman, super homem e afins.

- Afinal podia ter vestido o homem aranha.

😒Nesse momento percebi que não tive uma gaja mas tenho um gajo com feitio de gaja. Deus me de paciência... 

Desafio de escrita dos pássaros #10

Um pai e uma mãe tem a magnifica ideia de fazer um passeio de carro com os seus pequenos. Na sua cabeça idealizam uma viagem épica, daquelas que ficam na nossa memória para todo o sempre. Os pais anseiam por tempo de qualidade em família e estão certos que a viagem será óptima para este propósito.  O dia chega finalmente. O pai faz malabarismos para enfiar as três malas, duas mochilas, um saco de calçado, um caso de brinquedos, jogos de tabuleiro, o carrinho, chapéus de chuva, capas para a chuva na bagageira. Finalmente consegue mas sabe que terá que ter cuidado na hora de abrir o porta bagagem para não ficar soterrado. 

Começa a colocar os rapazes nos carro enquanto a mãe tenta partilhar o seu lugar no carro com sacos e sacos de comida. Finalmente estão todos dentro do carro, com cintos postos e iniciam a viagem da sua vida. Dez minutos depois:

- Ainda falta muito?

- Ainda agora saímos de casa. Vamos demorar um pouco.

- Ainda falta muito? - diz passados mais uns cinco minutos

- Eu disse que ia demorar muito.

- Tenho fome.

- Toma uma banana.

- Eu também quero.

- Eu também.

- Continuo com fome.

- Tenho pão.

- Eu quero - dizem todos ao mesmo tempo

- Posso comer mais alguma coisa.

- Agora não.

- Ainda falta muito.

- SIM - dizem os pais 

- A que horas vamos chegar.

- Ainda faltam mais de duas horas. 

- Duas horas!!!! Isso é muito tempo.

- Vamos jogar ao jogo do silêncio.

- Não isso é uma seca.

- Então vamos procurar carros.

- Eu escolho vermelho.

- Eu preto. Está ali um, e outro...

- O mano está a ganhar... - choraminga um

- Acabou o jogo. Que tal tentarem dormir.

- Estamos quase?

- NÃO! Durmam um pouco e chegamos num instante.

- O mano encostou a cabeça na minha.

- Não, não.

- Sim, sim.

- Não, não.

- SILÊNCIO. Se eu oiço mais um pio ficam de castigo até terem barba.

Silêncio durante dez minutos. A mãe olha para trás e vê que os rapazes adormeceram. Suspira de alivio sabendo que o resto da viagem será calma.

- Mãe já chegamos?

- Não.

-Mas tu disseste que se eu dormisse chegávamos.

- Isso era se tivesses dormido mais tempo.

- Tenho fome.

- Eu preciso de uma casa de banho.

- A sério?

- Estou aflito. Já chegamos.

- Aguenta um pouco.

- Ainda falta muito. Estou mesmo aflito.

- Eu também.

- Eu tenho muita fome.

Pai e mãe trocam olhares e prometem nunca mais tentar tamanha façanha.

 

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