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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Eu armada em detetive

- O meu papelinho! Vou colocar o meu papelinho no meu saquinho para levar para a escola. - disse o Salvador

Questionei-me: qual papel é qual saco? Mas não fazia ideia. Acabei por ir espreitar o que estava a fazer. Então o papelinho era um talão de compras do supermercado que me tinha pedido um dia destes. O saquinho era é o bolso dos calções. Lá foi ele para a escola todo contente😀

Não me apetece

Estou na fase do não me apetece. 

Não me apetece falar com ninguém mas não me apetece estar sozinha.

Não me apetece ler, ver televisão ou escrever.

Não me apetece sentar no quintal nem no sofá.

Não me apetece jogar no telemóvel nem perder tempo em aplicações.

No fundo não me apetece nada. A única coisa que quero é que chegue o fim do dia e o marido me traga o resultado da TAC.

Preciso saber se no exame se percebe o que está a causar os sintomas que sinto. Preciso desta situação resolvida já disse à médica que mais uns dias em casa e ficou louca de todo. 

-Mãe viste o meu livro?

Às sete e quinze em ponto vejo o Leonardo descer as escadas de mochila às costas e com o seu livro na mão. Deixou a mochila ao pé da porta da rua e foi para o sofá com o livro. Passado um pouco veio tomar o pequeno almoço, de seguida lavou os dentes e estava pronto a sair.

- Mãe viste o meu livro?

- Estava no sofá.

- Mas agora não está.

- Não ficou na casa de banho quando foste lavar os dentes.

- Já vi e não está.

- Então não sei. Procura.

- Manos podem ajudar-me?

Procuraram e nada. Acabou por seguir para a escola chateado sem o seu livro. Horas depois lá dei com ele bem à vista mas curiosamente nenhum dos quatro o viu. 

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Os impossíveis horários dos pais

Uma das coisas mais dificuldades nesta profissão de pais é a gestão de tempo, principalmente para quem, tal como nós, tem mais do que um filho. Várias escolas para visitar de manhã e à tarde. Várias reuniões a frequentar. Dias em que o mais velho acaba as aulas a horários que implicam que tenhamos que abdicar da hora de almoço para o ir buscar. Dias em que as aulas acabam a horas em que a única solução é ficar na biblioteca da escola até que um de nós o vá buscar.

Para além de todos estes problemas este anos temos alguns novos. O Guilherme vai ter umas horas de explicações com a esperança que isso o faça aprender métodos de estudo. O Leonardo quer voltar a ter aulas de basquetebol que ocupam 3 fins de tarde. Queremos também colocar os gémeos na natação duas vezes por semana porque é benéfico para a saúde deles. Queremos isto tudo mas não cabemos bem como. Tenho estado aqui a olhar para os horários e a tentar perceber como vamos conseguir fazer isto todo. Temos dias em que um tem aulas das 17:30 às 18:45 e os outros entram na piscina às 18:50. Para além disso temos ainda banhos e jantar depois disto tudo. Se vamos conseguir? Claro que sim, pelos nossos filhos fazemos sempre tudo. Claro que isto implica que não vamos ter tempo, nem provavelmente dinheiro, para pensar nalguma modalidade para nós o que também nos faz falta. 

É assim a vida de pais, sempre a gerir prioridades e sempre a por os seus interesses no fim da tabela.

Sou uma doente terrível

Isto de estar em casa não é mesmo para mim. Os dias parecem que não passam. Ligo a televisão e não dá nada de jeito. Pego num livro mas começo a ficar com sono. Tento dormir para ver se as horas passam mas não consigo. Torno a ler mais um pouco mas depressa me aborreço. Volto a tentar encontrar algo de jeito na televisão mas nada. Vou para o quintal e tento ler numa espreguiçadeira. Começo a ficar cansada da posição e acabo por voltar para dentro. As horas não passam nem por nada.

Começo a moer a cabeça com a roupa que estar por lavar ou passar. Olho para o chão e penso que poderia ser aspirado. Olho para as janelas e tenho vontade de as lavar. Tanta coisa para fazer, tanta coisa para fazer o tempo passar e eu sem as poder fazer. O mau humor vai crescendo com o passar das horas. Sinto falta de companhia. Muitas são as conversas que vou tendo por telefone mas não é a mesma coisa. Sinto falta de um contacto visual, de ver as expressões de outro interveniente na conversa.

Ao fim do dia quando o marido e os rapazes regressam a casa eu estou chata. Sei ver que não deveria estar assim mas a verdade é que não consigo estar de outra forma. Só consigo reclamar. Reclamo do que não fazem. Reclamo do que fazem porque não está da forma como costumo fazer. Ultimamente parece que só sei reclamar e nem eu me reconheço. Preciso desesperadamente sair de casa, fazer algo. Preciso sentir-me útil. 

São só mais uns dias, é o que repito a mim própria vezes sem conta. São só mais uns dias.

Até parece que nunca lidaram com a falta de água

Na semana passada sofremos um corte de água aqui na zona. Passado um pouco o Leonardo disse-me:

- Mãe podes dar-me água?

- Mas tu não sabes beber água sozinho?

- Não estou a conseguir.

- Faltou a água. Vai ao frigorífico e bebe de uma das garrafas que lá estão.

- Agora já percebo porque não saia água da torneira. Pensava que tinhas que ir lá tu.

O Guilherme que ouviu a conversa veio logo dar bitaites:

- Mãe porque é que não pagaram a conta?

- Qual conta?

- A da água! Agora vieram cortar.

- Guilherme estamos sem água porque os senhores estão a trabalhar ali no fundo da rua. Devem estar a arranjar um cano e precisam de parar a água para poderem trabalhar. Quando estiver tudo arranjado volta tudo ao normal. Nem sempre um corte de água significa uma falta de pagamento.

- Ai não? Nos bonecos a água só falta quando não pagam a conta.

- Isso é nos bonecos na vida real existem mais explicações.

Quando era pequena era bastante comum faltar água e luz pelo que já estávamos habituados. Hoje em dia é uma coisa tão rara que as crianças nem sabem o que é.

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