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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Esta fase é tão, mas tão gira!

Ontem quando fui buscar os pequenos à creche o Salvador estava com um saco de gelo no olho. Minutos antes tinha deixado cair uma peça de lego para o chão, quando a tentou apanhar calculou mal o coisa e bateu com o olho  no assento da cadeira. Tinha um pequeno corte e o olho ligeiramente inchado mas nada de preocupante. Entregamos o saco de gelo à educadora e abandonamos o edifício.

Entramos no carro e como estava um calor infernal abri os vidros.

- Mãe não abras o meu vidro.- gritou o Salvador - Se não o vento leva o gelo do meu olho.

Eu limitei a fechar o vidro enquanto me ria da ideia dele. Entretanto oiço:

- Salvador, vira a cara para o outro lado para o meu vento não levar o teu gelo.

E cada vez que o Salvador mexia a cabeça o outro gritava para que não o fizesse. Fui o caminho todo a rir pela preocupação demonstrada pelo irmão e pelo facto de não perceberem que ao tirar o saco de gelo o frio passaria por ele próprio.

Esta fase é mesmo deliciosa. Começam a ser crescidos mas ainda tão inocentes. 

Algo de que eu não sentia falta

Do pólen. Dos milhentos espirros durante o dia. De assoar o nariz de cinco em cinco minutos. De chegar ao fim do dia com o nariz tão vermelho que até parece que vai cair. Da comichão imensa nos olhos. Da garganta inflamada de tantas secreções. De ficar afónica durante quase uma semana. Da tosse alérgica. Da comichão dos ouvidos. Das erupções cutâneas.

Pior que isto tudo é ver os pequenos com os mesmos sintomas. Fungadelas constantes. Espirros e mais espirros. Olhos vermelhos e inchados. Queixas constantes...

Sim, estava cheia de saudade do calor mas das alergias não.

O meu segredo

Por vezes acordo sobressaltada, quase sempre devido a sonho mau. Por norma nesses sonhos um ou mais de os meus filhos não estão em segurança. Acordo em absoluto pânico e tento voltar a adormecer. Dou voltas e voltas na cama enquanto repito a mim mesma que estamos todos bem, mas nada acalma o meu coração acelerado. 

Acabo por me levantar e fazer a única coisa que sei que me trará alivio. Vou ao quarto dos rapazes e deixo-me estar em silêncio a ouvir os diferentes ritmos da respiração. Mentalmente associo a respiração ao filho que a emite. É engraçado como até no escuro os consigo destingir apenas pelos sons que produzem. Quando me asseguro que todos os quatro estão bem e seguros volto ao meu quarto. Deito-me e adormeço de imediato.

Mãe queremos ser YouTubers

Ouvi da boca dos meus filhos o que nenhum pai quer ouvir. Acabaram-se os sonhos de querer ser médico, bombeiro, policia ou professor. Esta nova juventude agora quer mesmo é ser YouTubers. Tudo porque assistem a um grupo de miúdos que felizmente conseguem ganhar a vida a falar para uma câmara. A verdade é que nem precisam de falar nada de jeito, alguns limitam-se a fazer coisas idiotas mas esses é que tem graça. Esse e os que jogam o dia todo, colocado depois vídeos nos quais mostram as audácias alcançadas. Eu assisti, por engano, a dez minutos de uma coisa do género e não consegui perceber o gozo que aquilo dá. Sinceramente para mim foi o suficiente para proibir veementemente a visualização de qualquer YouTuber cá em casa. No entanto esta proibição não chegou a tempo de impedir os meus rapazes de acharem que podem ganhar a vida a jogar e falar para uma câmara. Neste momento já escolheram um nome para a dupla maravilha e aguardam ansiosamente o dia em que tenham luz verde para avançar. Eu cá vou esperando que com o passar do tempo e a falta de visualização de tais personagens este sonho se esfume no ar.

A inocência das crianças

- Mãe, eu tenho um colega que é rico!

- Ainda bem para ele Guilherme. Mas foi ele que te disse isso?

- Sim mãe. Eles diz a toda a gente que é muito rico.

- Esse tipo de coisas não se devem dizer assim. 

- Mas ele está sempre a dizer que vive numa casa com dois andares e que é rico.

- Guilherme não vou confirmar se o teu colega tem ou não dinheiro até porque isso não nos interessa. Vou só dizer-te que nós também temos uma casa de dois andares e não somos ricos.

- Nunca me tinha lembrado que a nossa casa também tem dois andares. Achas que ele está a mentir?

- Não sei, nem quero saber. Apenas quero que percebas que nem tudo o que te dizem é verdade.