Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Quando viemos para esta casa idealizei um cantinho para a leitura. Um espaço para me sentar descansada a ler os meus tão adorados livros. Até ao momento sentei-me lá duas ou três vezes mas não pensem que o local está abandonado. Cada vez que olhos lá estão os mais velhos sentados.
No fim de semana passado resolvemos que estava a altura de os gémeos passarem a adormece sem mim. Conversamos com eles sobre o assunto e na hora de deitar a coisa correu surpreendentemente bem. A noites seguintes correram um pouco pior mas nada demais. No geral limitaram-se a choramingar um pouco. Do nosso quarto fomos falando com eles, tranquilizando-os até acabarem por se calar e adormecer.
A coisa correu bem. Na verdade correu bem demais e seria de esperar que isso fosse um alivio para mim. A verdade verdadinha é que esta facilidade mexeu comigo. Estava habituada a adormecer com eles nos meus braços. Todas as noites íamos para a cama e tínhamos um momento só nosso. Um momento em que eu era mimada com beijinhos e abraços. Um momento em que me pediam para inventar histórias. Pediam-me para contar uma história com uma princesa e um avião, eu inventava a história da princesa que tinha medo de voar. Pediam-me uma história com o faisca mcqueen e um dinossauro, eu inventava uma história em que o faisca ia conhecer os personagens do Toys story.
Depois da correria diária sabia tão bem estes pequenos momentos de cumplicidade e felicidade. Impressionou-me a rapidez com que deixaram de precisar da minha companhia. Sei que deveria estar contente mas a verdade é que ainda não cheguei a esse ponto. Tenho que me habituar à ideia que os meus pequenos já não são pequenos e que tenho que lhes dar espaço para crescer. Adoro vê-los crescer mas sinto que à medida em que o fazem me vão fugindo por entre os dedos.
Pensava que me tinha livrado delas de vez. Faz uns anos que não me apareciam e eu andava contente. Veio este inverno e está frio, muito frio. As sacanas voltaram em força e eu começo a desesperar. Os dedos incham e a mobilidade diminui. À noite tenho uma comichão intensa.
Passo o dia a colocar cremes e nada parece resultar. Uma colega disse-me que para as curar bastava que um dos pequenos me fizesse xixi para as mãos e dormir sem lavar as mãos com uma luvas colocadas.
Estou um pouco renitente em experimentar mas se alguém tiver uns concelhos mais higiénicos por favor digam. Quero mesmo livrar-me delas.
Ontem vinha com os gémeos no carro a caminho de casa. O Salvador vinha a falar e de repente começa a chorar. Tentei perceber o que se passava. Ele, entre soluços acabou por dizer:
- O Santiago mordeu o meu dedo.
- Santiago é verdade?
- Sim.
- Porquê?
- Ele estava a falar muito e eu só queria estar sossegadinho.
Olho para a vizinhança e vejo arvores cheias de fruta. Vejo tangerineiras carregadas, laranjeiras com ramos cheios de laranjas e limoeiros com centenas de limões. Passo e vejo fruta e mais fruta caída das arvores. Fruta que apodrece no chão.
Eu fico de coração partido. Tanta gente a passar fome. Tanta gente com os tostões contados que não conseguem pagar o preço exorbitante que a fruta custa atualmente. Vou ao supermercado e olho para o preço dos limões que estão quase tão caros como as frutas exóticas. Depois chego a casa e vejo centenas e centenas pendurados nas arvores dos vizinhos. Limões que ninguém colhe e que o destino final será apodrecer em redor da arvore.
Entristece-me muito que assim seja. Que as pessoas não aproveitem o que a natureza nos dá. Que tomem por garantido o que muitos gostavam de ter.
Sei que a maioria dos vizinhos são de uma faixa etária envelhecida, que provavelmente não tem destreza para apanhar toda a fruta. Sei que as quantidades que arvore dá é demasiada para duas pessoas. Mas também sei que devem ter família, amigos, conhecidos que provavelmente gostariam de aproveitar a fruta.
Nós tivemos esse problema com as peras e as maçãs. Eram demasiadas e apodreciam muito rapidamente devido à ausência de químicos. Optamos por apanhar tudo e distribuir por amigos e familiares. Para o ano provavelmente faremos o mesmo porque para mim é um crime desperdiçar tamanha dádiva da Natureza.
O marido tem um problema com as moedas pequenas. Cada vez que as recebe de troco opta por as abandonar nalgum local em casa. De vez em quando vou encontrando pequenos montes e trato de os recolher. Para mim são moedas como as outras e não tenho problema nenhum em pagar com elas mas para o marido não é bem assim.
No outro dia falava sobre o assunto no trabalho e descobrir que a maioria dos maridos das colegas sofrem do mesmo mal. Uma disse-me que tem um frasco onde o marido deposita todas estas moedas. Outra que o marido lhe enche a carteira com elas.
Eu achei a coincidência engraçada mas fiquei a pensar se será uma característica dos homens? Por aí existem exemplos disto?