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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Resentimento

Neste domingo, tal como em todos os outros, passei a manhã a passar a ferro. Não é uma tarefa de eu desgoste, aliás gosto bastante de o fazer mas ultimamente sinto que me rouba demasiado tempo.

Neste particular domingo estava a passar enquanto o marido e os filhos brincavam todos no quintal. Pela janela vi os rapazes a jogar à bola. Vi os miúdos a fazer corridas de bicicletas e trotinetas. Ouvi as suas gargalhadas. Ouvi as suas conversas. Numa determinada altura deixei de os ver, apenas ouvias as gargalhadas intensas. Fui espreitar e estavam os cinco a saltar no trampolim. Todos de mãos dadas a formar uma roda e a saltar ao mesmo tempo. Como estavam felizes. A mim só me apeteceu largar tudo e correr para me juntar à festa. Depois olhei para o monte de roupa e lembrei-me que ele não se ia passar sozinho.

Resignei-me e voltei ao trabalho mas confesso que o fiz ressentida. Ultimamente sinto que não faço mais nada do que trabalhar. Passo o dia a trabalhar no emprego e depois venho para casa fazer tarefas. Começo cada vez mais a pensar em arranjar alguém para nos ajudar. Não é que não goste de limpar porque é coisa que eu adoro fazer. Não é que não o consigamos fazer porque temos tudo em ordem. É sim pelo tempo que nos rouba. Sempre pensei que ter alguém umas horas por semana era um luxo e que não precisávamos. Neste momento já não acho que seja um luxo mas sim uma necessidade. Quero mais tempo. Mais tempo para brincar com os meus filhos. Mais tempo para os poder ajudar nos estudos. Mais tempo para poder ver filmes com eles. Mais tempo para lhes ler livros.

 

Sinais que não estamos a falhar como pais

- Mãe acho que já não quero o beyblade para o Natal.

- Já mudaste de ideias?

- É que eu estou indeciso.

- Então.

- Já sei! Quero o beyblade para o Natal!

- Então já está resolvido? Depois não podes mudar de ideias.

- Sim. Depois para o meu aniversário em Dezembro de 2018 quero o novo livro do diário do Banana. Sabes os meus colegas dizem que já saiu o numero 12.

Podia ter pedido as duas coisas. Podia ter pedido o livro sem que fosse uma prenda. Em vez disso preferiu escolher a prenda que vai receber dentro de um ano. Sabe bem as regras da casa e estava bem feliz na escolha que fez.

Cá em casa é assim

- Bem vou acender o grelhador para o almoço.

Sai para o quintal:

- Catarina chega-me ai um boné que está sol.

- Dá ai uma garrafa de água.

- Dá-me a carne para grelhar.

- Dá-me uma tesoura para separar as salsichas. Já podias ter feito isto.

- Onde está o garfo do churrasco?

- Trás ai um tabuleiro para ir colocando a carne pronta.

Eu tento fazer o resto do almoço enquanto respondo ao inúmeros pedidos do marido. Para além disso tenho que ir dando um olho nos rapazes e estar atenta ás necessidade deles.

- Mãe quero água.

- Mãe quero pão.

- Mãe tenho tanta fome.

- Mãe a televisão está lenta.

- Mãe preciso de ajuda neste exercício dos trabalhos.

Ás tantas respondo de uma forma mais brusca ao marido, do género:

- Porque é que não pedes tudo de uma vez?

E a resposta é sempre igual:

- Já vi que estás mal disposta.

O pior é que estava a falar com umas amigas no outro dia e elas queixam-se exactamente do mesmo. Será mal geral dos homens?

 

 

Conversas ao jantar

- Já acabei. Vou comer fruta - diz o Leonardo

- O que vais comer?- pergunta o Guilherme

- Vou comer uma banana para me despachar.

Abre o frigorífico e diz:

- Esta pêra tem um ar mesmo delicioso acho que a vou comer.

- Mas não ias comer uma banana para te despachares?- pergunta o irmão

- Não tenho nada de especial para fazer pelo que posso muito bem ficar aqui a saborear esta maravilhosa pêra.

Memórias

Num destes fins de semana aproveitamos o facto de irmos sair para cortar o cabelo aos rapazes. Resolvemos ir ao local habitual que fica mesmo ao lado da nossa antiga casa. Assim que nos aproximamos da zona os pequenos perguntaram se íamos para nossa casa. Eu fiquei espantada afinal, passaram-se seis meses desde que mudamos e os gémeos ainda nem três anos tinham. Contudo percebi que não se esqueceram e talvez nunca se esqueçam daquela casa que foi o nosso primeiro ninho. 

Eu vi-me inundada de memórias. Vi as tardes passadas no parque. As caminhadas à noite pela vizinhança. Senti uma nostalgia imensa e quando entrei no prédio para ir verificar se existiam cartas para nós fui seguida pelo Guilherme. Enquanto subíamos no elevador ele dizia que queria ver como a casa estava agora, eu tive que lhe explicar que não íamos entrar só íamos espreitar no contador se estavam cartas para nós.

Viemos embora felizes de termos visitado a zona e nos termos cruzado com alguns conhecidos mas também tristes porque... Tristes porque não foi uma casa que deixamos para trás mas sim um lar.

 

Cheira a quê?

8:30H da manhã e as chaminés já deitam fumo. Por aqui as pessoas não passam sem a lareira acesa. Vamos todos no carro a caminho da escola quando o Santiago pergunta:

- Cheira ao quê?

- Cheira a fumo.- respondo

- A fumo?

- Sim as pessoas estão a fazer fogo nas lareiras.

- Não mãe. Cheira a carne. Quero comer carne, tenho muita fome.

Acho que o rapaz já associou que quando sente aquele cheiro lá em casa significa que vai haver carne grelhada.

Bipolaridades

Estava a trabalhar e o segurança ligou-me porque tinha um transportador com uma caixa de um cliente para me entregar. Dei instruções para que o motorista viesse ter comigo a um cais e fui abrir o portão. Dois colegas vieram ter comigo pensando que precisava de ajuda.

Abrimos o portão e estava um sol maravilhoso. Era perto do meio dia pelo que estava bastante quente. O motorista sai da carrinha de manga curta e olha para nós todos com várias camadas de roupa e ainda com um blusão vestido.

- Já vi que isso está fresco ai dentro.- brincou

- Sim nós trabalhamos no Polo Norte.- comentei eu

- Nota-se o ar que vêm ai de dentro é gelado.

Não conseguimos deixar de brincar com a situação, afinal como é possível estar uma temperatura tão diferente quando a única coisa que nos separava era uma parede.

 

O frio veio para ficar

O calor da cama fica mais convidativo. Noto que os rapazes dormem mais e é mais difícil acorda-los. Agora ainda é de dia quando acordamos mas dentro de dias a história vai mudar. Não basta sair do trabalho já com a noite cerrada e o frio a apertar. A única coisa que apetece é enroscar no sofá assim que entramos em casa. 

De manhã os rapazes queixam-se que está frio quando saltam da cama e reclamam por terem que vestir mais roupa. A antecipação do natal começa a sentir-se. Existem enfeites por todo o lado. Os canais de televisão já passam mais tempo a passar reclames de brinquedos do que a própria programação. Eu sinto-me cansada. Olho para o calendário e vejo o mês de Dezembro quase a chegar. Olho para todos aqueles fins de semana prolongados e para a semana de férias que vou gozar e sinto-me logo com mais força.

Mais uns dias de frio e vamos ficar todos juntos. Vamos poder passear e brincar. Até lá vamos vivendo um dia de cada vez.

Revolta na quinta

Ontem a caminho da escola cruzei-me com duas galinhas a passear na berma da estrada. Estranhei o facto à medida que continuava a viagem. Um pouco mais à frente seguia um pato a caminhar na mesma direcção e logo de seguida uma ovelha.

Eu que não estou nada habituada a estas coisas presumi que os animais tinham escapado de alguma das quintas da redondeza. No entanto não consegui deixar de achar caricata a situação. Não é todos os dias que nos deparamos assim com animais a passear livremente.