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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Técnicas de negociação

- Catarina o Santiago cheira mal é a tua vez de mudar a fralda.

- A sério?

- Ainda à pouco mudei a do Salvador por isso é a tua vez.

- E não podes mudar esta também?- pergunto eu enquanto faço olhinhos

- Não é a tua vez.

- Se trocares esta fralda eu dou-te uns beijinhos.

Chama-se a isto técnicas de negociação, um pouco alternativas mas não deixam de ser técnicas de negociação

Momentos mágicos

No sábado o marido foi colocar os gémeos a dormir a sesta. Demorou bastante tempo e eu até pensei que tinha adormecido. Finalmente apareceu e eu perguntei:

- Então os pequenos estavam difíceis de adormecer?

- Mais os menos. O Santiago adormeceu logo mas o Salvador estava mais complicado.

- Calculei é que demoras-te muito tempo.

- O Salvador já adormeceu à um bocado mas queria garantir que estava mesmo ferrado antes de sair. Mas também estava a apreciar o momento é que ambos colocaram os braços por cima de mim para garantir que eu não saia. Eu estava ali deitado no meio dos dois a sentir aqueles abraços e a pensar que sabem tão bem. É tão difícil criar estes meninos todos mas estes momentos fazem-nos esquecer tudo.

Não pude deixar de pensar no quanto o que ele dizia era verdade. À noite quando fui adormecer os pequenos tive o mesmo tratamento e também adorei. Somos mesmo uns pais babados.

Coisas que só acontecem quando estou sozinha.

O marido foi para a bola e eu fiquei sozinha com os pequenos. Dei-lhes jantar e arrumei a cozinha. Quando terminei tudo sentei-me no sofá dois minutos até que ouvi:

- Mas o que é isto? - perguntou o Guilherme

- Mãe, mãe anda cá depressa! Está aqui cocó no chão.

Eu sai disparada e não e deparo-me com quatro rapazes a olhar para um bocado de coco. 

- Mas como é que...mas...- fiquei tão perplexa que nem conseguia falar.

- É cocó Santiago - diz o rapaz com um sorriso nos lábios

-  Foste tu Santiago?

- Sim.

- Mas como é que o Salvador tem as mãos sujas e tu não?

- É que esse mano mexeu no cocó.- Explica o Guilherme

 Lavei as mãos ao Salvador enquanto os mais velhos faziam de guarda costas do dejecto. Limpei o chão e fui mudar a fralda ao Santiago. Percebi então que aquilo tinha saído da fralda e escorregado pela perna a baixo.

Porque é que estas coisas só me acontecem quando estou sozinha com eles?

Dia normal versus dia com actividades extracurriculares

Cá em casa existe uma grande diferença entre uma manhã de dia de escola normal e  de um dia com actividades extra curriculares. Suponho que este fenómeno não é exclusivo dos rapazes cá de casa mas só posso falar do que vejo.

Num dia normal começo a chamar os rapazes às 7:20 H. Depois de os chamar quinze minutos sem grande sucesso começo a resmungar para se mexerem. Por vezes nem isto resulta e chego a ter que ameaçar que me vou embora sem eles.

Num dia normal consigo que se sentem à mesa por volta das oito e tenho que os apressar para que comam e se arranjem para sairmos por volta das 8:30 H.

Num dia normal tenho que me chatear muitas vezes. Tenho que repetir o mesmo várias vezes. Tenho que abrir a porta de casa e sair enquanto ameaço que os vou deixar trancados dentro de casa se não estiverem nas escadas dentro de segundos.

Num dia normal esquecem mochilas, esquecem lancheiras.

Num dia normal andam igual a zombies e demoram uma eternidade para fazer algo básico como apertar o cinto de segurança.

Num dia normal implicam por tudo e por nada. Implicam uns com os outros. Implicam com o pequeno almoço, está demasiado frio, demasiado quente…

Num dia normal saio de casa completamente louca.

Depois temos aqueles dias em que têm actividades diferentes. Podem ser passeios, um dia de brincadeira, um corta-mato ou um desfile de carnaval. O dia de hoje enquadra-se nos dias divertidos e isso faz imensa diferença cá em casa, ora vejamos:

Hoje acordaram sozinhos ainda eu me estava a arranjar e nem os tinha chamado.

Hoje vieram ter comigo pressionando-me para lhes dar a roupa para vestir.

Hoje não foi preciso dizer-lhes para se despacharem e arrumarem os pijamas. Hoje dei com um quarto devidamente arrumado, sem meias nem pijamas espalhados por todo o lado.

Hoje às 7:30 H estavam sentados na mesa da cozinha à espera do pequeno almoço.

Hoje não ouve birrar nem fita e comeram tudo num instante.

Hoje às oito horas perguntaram quando é que íamos embora para a escola. Hoje foi preciso dizer-lhes para terem calma porque o portão só abre às 8:45 H.

Hoje foram buscar os sapatos, calçaram-se e vestiram os casacos sem ser preciso eu pedir uma única vez.

Hoje saíram de casa de forma ordeira e sem conflitos.

Hoje não ouve corridas na garagem, não tive que me exaltar para que entrassem no carro.

Hoje chegamos à escola cedo e bem dispostos.

Hoje não me senti prestes a ter um ataque cardíaco.

A conclusão que tiro é que deveria haver actividades todos os dias, eu sei que o meu coração agradecia.

Um simples desfile de carnaval

Hoje é dia do desfile de carnaval dos mais velhos. A minha mente treinada de mãe alertou-me que poderia ter um problema. Imaginei os gémeos a berrar e chorar quando vissem os irmão mascarados. Imaginei uma grande birra para vestirem os seus disfarces também.Tinha quase a certeza que isto ia acontecer pelo que tratei de engendrar um plano.

Coloquei os disfarces dos mais velhos num saco. Vestimos todos roupa normal para sair de casa. Deixei os gémeos na creche e ajudei os mais velhos a vestir o disfarce por cima da roupa dentro do carro.

Consegui assim evitar um potencial desastre com muita lágrima e ranho. Provavelmente estão a pensar porque não deixei os pequenos irem mascarados também e pronto. A questão é que os rapazes têm mijado a roupa todos os dias e se isso acontecesse com o disfarce vestido não o poderia usar no fim de semana.

Ser mãe é mesmo isto. É preocuparmos-nos tanto com o dia de amanha como com o que estamos.É antever um problema antes de este acontecer. É sofrer a tentar arranjar soluções para situações que podem ou não acontecer. Para mim ser mãe é um desafio diário.

Acho que vou remodelar outra vez.

Estou cansada das negociações diárias infindáveis sobre quem dorme com quem. Todos os dias é sempre a mesma coisa:

- Mano anda dormir comigo! - diz o Leonardo

- Não mano, anda para o pé de mim. -afirma o Guilherme.

- Mano vais dormir comigo que bom. - grita em êxtase o Leonardo

- Mano anda para aqui, que eu conto-te uma história

- O mano foi embora e agora com que é que eu vou dormir?- choraminga o Leonardo

Passam a noite nisto desde o momento que o mando deitar. Deitam-se, levantam-se, trocam de camas. O Salvador deita-se com um, depois vai para o pé do outro, volta novamente para o primeiro e sai outra vez. Depois ouço queixas que um está a cair da cama, outro que se queixa que está apertado. Uma risota interminável que só acaba quando vou ralhar com eles e me deparo com isto.

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Já disse ao marido que o melhor é vender os beliches e comprar uma cama de casal. Assim podem dormir todos juntos e acabam-se as guerras diárias. O que acham? 

Relação de uma mãe de quatro com os clássicos Disney

Quando era pequena adorava ver os filmes da Disney. Nem sei dizer ao certo quantas vezes vi o Rei leão, o Aladin, a pequena sereia e companhia. Lembro-me de ver os filmes vezes sem conta, até saber de cor todas as canções e falas.

Quando o Guilherme se começou a interessar por estes filmes fiquei contente de os rever com ele. Percebi que ainda me lembrava de tudo e que ainda sabia cantar as musicas todas de cor. Vimos e revimos os clássicos até enjoar. Depois veio o Leonardo e o ciclo recomeçou. Dias inteiros em que o mesmo filme nunca saia do DVD, quando chegava ao fim colocava-se play e assistia-se novamente. Eu mesmo que não estivesse com eles a ver o filme ouvia as musicas pela casa fora. Chegou a um ponto em que já não conseguia ouvir o "Hakuna matata", "You've got a friend in me" ou qualquer outra musica do género.

O tempo passou e eles deixaram de gostar tantos dos clássicos que ficaram esquecidos lá em casa e eu consegui respirar de alivio. Contudo, como o que é bom sempre acaba, começa o ciclo de os gémeos gostarem desse tipo de filmes. Já começaram a ver mil e uma vezes os filmes do michey. Já sabem de cor o Gru o mal disposto e começam a querer ver coisas novas. Eu tentei resistindo ao máximo a colocar os clássicos mas acabei por ficar sem alternativas. No outro dia coloquei o Toy´s story e tentei fugir de mansinho. Fui logo perseguida por um menino que me deu a mão e me puxou para o pé do sofá:

- Senta mãe, senta com o iago!

E lá tive eu que ver o raio do filme novamente. Não é que ainda o sei de cor, até podia fechar os olhos que mesmo assim iria visualizar as imagens todas na cabeça. Parece exagerado mas, se pensarmos bem, já devo ter visto estes filmes largas milhares de vezes e deixem que vos diga que perdem a magia depois da milésima primeira visualização. O ponto positivo da história é que se um DVD se estragar eu consigo representar a história toda.

 

 

É isto que pensa de mim?

No domingo à tarde o marido foi para a casa de banho. Teve lá algum tempo, saiu e quando estava a chegar à sala correu de novo para trás. Demorou-se mais um pouco e quando finalmente saiu disse-me:

- Não sei o que é que colocas-te na comida mas fez-me mal. Estás a tentar envenenar-me?

- Aguenta esse pensamento que agora preciso ir eu.

Percebemos depois que apanhamos a virose dos pequenos que lhes causou grande transtorno intestinal. Contudo eu não consigo deixar de pensar que a primeira coisa que ele pensou foi que eu o tinha envenenado.

Eu que sou uma pessoa linda e maravilhosa era lá capaz de lhe fazer mal. Se calhar anda a ler demasiados post destes:

 

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