Agora sim quatro reizinhos
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- Um sinal de perigo!- Exclama o Leonardo. - Um de informação, um de obrigação, outro de informação.
- Mãe estou a aprender os sinais na escola.- Explica-me
- Já tinha percebido amor.
- Eu já os sei todos! - Afirma o Guilherme
- Claro aprendes-te no segundo ano.Mais um de perigo, um de informação...- continua o Leonardo
- Um de proibição daquele lado - começa o Guilherme
- Um STOP.
- Um de informação
- Um de perigo e outro de obrigação.
- Ali esta um de proibição
- Uma casa, uma casa, uma casa- começa um dos gémeos a pensar que é um logo
- Carro, carro - afirma o outro para entrar na brincadeira
Lá vieram o resto da viagem de carro a mencionar todos os sinais, casas e carros.
Trocamos o tapete da sala porque o antigo estava a precisar de reforma e os miúdos adoraram. Agora passam a noite a deitados a rebolar no tapete. É engraçado como quelquer coisa os faz feliz.
Preparei os pequenos para irem para a escola. O marido levantou-se para ajudar e foi o suficiente para perceberem que não era um dia normal.
Os gémeos foram a chorar o tempo todo que não queriam ir para a creche, queriam voltar para casa e ficar com o pai. Por sorte não se aperceberam que eu também não fui trabalhar porque ai tinha sido ainda pior. Tivemos de tentar manter a maior normalidade possivel porque tinhamos um avo para enterrar e não podiamos nem queriamos levar os pequenos. Espero que estejam satisfeitos quando os formos buscar e que se tenham esquecido que o pai ficou em casa.
O banho da mãe tornou-se talvez a tarefa mais difícil do dia. Por norma pode acontecer de duas maneiras. Na primeira opto por um banho partilhado, pego nos gémeos e enfio-os na banheira comigo. Trato de um e o marido vem busca-lo para o secar e vestir. O pequeno que sai sai a berrar porque quer continuar na banheira com a mãe e o irmão. Eu oiço-o berrar o tempo todo enquanto tento despachar-me a mim e ao segundo gémeo. Se correr bem consigo acabar ao mesmo tempo que o marido chega para levar o segundo e a choradeira é menor. O primeiro deixa de chorar porque vê que estamos a sair e o segundo choraminga só um pouco porque nunca quer sair do banho. Se não consigo estar pronta a tempo oiço dois rapazes aos berros pela mãe enquanto o pai tenta vestir o segundo.
Existe ainda outra versão em que a opto por tomar banho sozinha depois de ambos despacharmos os gémeos. Seria de esperar que fosse um momento mais sossegado mas desenganem-se. Se não tranco a porta os gémeos estão constantemente a espreitar para dentro da banheira e a meterem-se comigo. Deixam a porta aberta e o frio entra pela assoalhada, tentam mexer na água e eu tenho que gritar para que o marido venha em meu socorro. Se tranco a porta fico com medo que ela venha a baixo. Os rapazes ficam a chorar do lado de fora enquanto forçam o puxador uma e outra vez. Quando a porta não cede começam aos encontrões a porta e eu chego a pensar que a vão partir. Oiço o pai repreende-los uma e outra vez, eles abandonam o perímetro mas só por breves momentos e voltam logo ao ataque.
Para além disto tudo a hora do banho da mãe é ainda a altura ideal para os mais velhos me virem fazer perguntas. Os querem ajuda num TPC, ou querem saber o que é o jantar, ou querem saber onde está o pijama, um brinquedo...
Muda-se o ano e passa ser uma chatice acertar na data. Por norma costumo andar sempre a colocar o mês anterior, agora com a mudança do ano passo a falhar também essa opção. Costumo entrar nos eixos em relação ao ano lá para Março/Abril pelo que até lá ainda vou escrever muitos 2016.
Outro problema que tenho é com as mudanças das passwords no computador. Só a mudo no dia em que o computador me indica que não faz mais nada se não o fizer. Ando os meses seguintes a colocar como primeira opção a password que já expirou e só quando recebo uma mensagem de erro é que me recordo da nova. Quando me mentalizo da nossa password e começo a gostar dela, o computador informa-me que é altura de mudar e começar tudo outra vez.
Este ano, para começar mesmo em grande, tive que mudar a password logo no primeiro dia o que implica que para além de não acertar na data também não acerto na password....
Ontem andei uma eternidade de tempo à procura dos meus óculos. Pensava que os tinha pousado num sitio mas afinal não estavam. Perguntei ao marido se sabia deles mas não fazia ideia. Andei pela casa à procura, ultimamente ando sempre à procura de algo, mas nada de os encontrar. Comecei a ficar irritada e um pouco chateada. Se à coisa que odeio é não saber onde coloquei uma coisa. Sou incapaz de esquecer aquele objecto e fico a pensar constantemente nele. Este caso não foi excepção. Procurei e procurei. Refiz os últimos passos a tentar perceber onde os tinha deixado. O insucesso só me deixou mais frustrada e chateada. Já estava danada da vida quando percebi.
Coloquei-me à frente do marido e perguntei-lhe se não tinha visto mesmo os meus óculos. Ele olhou para mim e desatamos-nos a rir que nem perdidos.
- Não me digas que andaste este tempo todo à procura dos óculos quando os tinhas na cara? Estás mesmo cheché!
Escolhi o jogo operação para a avó dar aos mais velhos porque achei que era um bom jogo para treinar a motricidade fina. O Guilherme adorou e andou dias a pedir-me para jogar com ele. Finalmente arranjei um tempo e fui fazer-lhe a vontade. Preparei o jogo todo, coloquei pilhas e as peças todas no locais. Expliquei-lhe as regras e começamos a jogar.
Na primeira tentativa do rapaz para tirar um dos objectos do respectivo buraco encosta a pinça à extremidade metálica.
- O que é isto?
- Tocas-te nas paredes e por isso é a minha vez.- respondi
Tirei dois ou três objectos até que toquei também numa das laterais.
- Vá é a tua vez.
- Mãe eu já não quero jogar mais.
- Não queres? Porquê?
- Isso dá choque e eu tenho medo.
E a verdade é que não pegou mais na pinça. Ainda lhe demonstrei que não fazia mal nenhum mas ele ficou mesmo com medo.O Leonardo tomou as dores do irmão e nem quis tentar. Diverti-me com os pequenos que dão gargalhadas de morte quando o boneco vibra e acende o nariz.
Uma das coisas que me custa mais em relação aos meus filhos é não lhes conseguir dar a atenção que gostava de lhes dar. Muitas são as vezes em que acho que os mais velhos são um pouco negligenciados em detrimento dos mais novos. Não é que façamos de propósito mas os mais pequenos requerem muito mais atenção. Existe sempre um banho para dar, uma fralda para mudar, um nariz para assoar, um menino para adormecer, um colo para dar.
Os dias passam a um ritmo frenético e nós vemos-nos reféns numa correria constante. Os mais novos exigem imensa atenção nossa e os mais velhos vão ficando com pequenas migalhas. Claro que não falhamos na coisas importantes. Temos sempre tempo para os ajudar nos trabalhos, temos sempre tempo para os ouvir a ajudar nalguma situação que precisem mas ficamos em falta no que diz respeito a tempo de qualidade.
Muitas são as vezes em que tenho receio que se tornem crianças ressentidas, daquelas que acham que os pais gostam mais dos irmão do que deles. Pergunto-lhes imensas vezes se acham que eu gosto mais dos gémeos do que deles e a resposta é sempre negativa. Contudo nem estas respostas negativam me descansam o coração e sei que tenho que ter força para fazer melhor. Percebo que por vezes são pequenos gestos que fazem a diferença e por esse motivo ontem fiz uma coisa diferente.
Apesar de não ter trabalhado resolvi ir deixar os gémeos na cresce. Regressei a casa e disse aos mais velhos que o dia era por conta deles. Os olhos do Leonardo iluminaram-se quando me perguntou se podíamos fazer tudo o que ele quisesse e quando lhe disse que sim ganhou um sorriso de orelha a orelha. Aproveitamos o dia de chuva deitámos-nos no sofá e vimos filmes de desenhos animados.Trabalhamos juntos num modelo do sistema solar da science4you, contamos piadas, acabámos os trabalhos e lemos histórias.
Foi um dia muito positivo e sei que tomei uma boa decisão. Gosto muito de estar com os quatro em casa mas acabo por não conseguir dar atenção a ninguém. Às vezes é preciso dividir para conquistar.