Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Um dia deste fui ao supermercado com uma colega de trabalho à hora de almoço. Andávamos pelos corredores quando a minha amiga parou para falar com uma senhora. Disse-me mais tarde que era a mulher de um colega nosso.
No dia seguinte o meu colega entra no nosso gabinete e pergunta:
- Catarina ontem foste com a S. às compras?
- Sim fui.
- Logo vi- disse ele com ar de gozo
- Estás a rir-te porquê?- pergunta a minha colega
- Por nada. - Afirma enquanto faz um esforço para não se rir
- A tua mulher disse que me viu? - Insiste a minha colega
- Sim disse-me que te viu e que ias acompanhada por uma miúda.
- Por uma miúda?
- Sim eu também não percebi e perguntei-lhe se era a tua filha. Ela respondeu-me que não que era uma jovem de quinze ou dezasseis anos.
- ???
- Eu perguntei-lhe se a jovem tinha umas calças azuis e um casaco preto. Calculei logo que era a Catarina.
Muitas são as pessoas que me dizem que pareço mais nova mas nunca me tinham dado dezasseis anos. Não sei se hei-de ficar ofendida ou aceitar como um elogio.
Os gémeos estão de todo. Crescem a cada dia que passa e começam a ter uns comportamentos muito giros. Já não querem comer nas cadeiras da papa, já tirámos os tampos e colocamo-los a comer à mesa connosco mas mesmo assim fazem fita. Querem sentar-se nas nossas cadeiras e não querem babetes como se já fossem crescidos. Começam a querer vestir e despir certas coisas.
Estão também cada vez mais gozões. Vou trocar de roupa, dispo a camisola e quando vou para vestir a do pijama não a encontro. Oiço uma gargalhada e percebo que são eles que a levaram. Passam a vida a roubar-nos coisas só para que andemos a persegui-los pela casa. Eles correm à nossa frente enquanto se riem à gargalhadas e nós derretemo-nos a ouvi-los.
O discurso está também mais fluido e começa a ter saídas engraçadas. O Salvador entro na nossa casa de banho e percebeu que a cabine de duche tinha desaparecido. Olhou para o espaço vazio e disse:
- O tomar banho fugiu!
E foi assim que ficou apelidado o facto de não termos onde tomar duche. Ainda não largaram as fraldas mas avisam assim que estão sujos para que os troquemos. Começam também a demostrar interesse no que vestem, se vestem uma camisola com um dinossauro andam o dia todo a apontar para o boneco enquanto dizem dinossauro e grunhem como um ( pelo menos presumo eu)
No outro dia estavam a brincar todo e o Leonardo aleijou-se. Sentou-se a chorar e os pequenos vieram fazer-lhe festas enquanto diziam:
-Não lora (chora) Nardo. Ponto, ponto. Não lora.
Um dia deste o Santiago escondeu-se atrás do sofá quando estávamos para sair e eu pense que ele tinha estado a fazer alguma coisa na fralda. Perguntei-lhe e ele não me respondeu. Vou ter com ele para perceber e deparo-me com o Salvador a levantar a camisola do irmão com uma mão enquanto que com a outra puxava a fralda. Espreitou para dentro da fralda do irmão e disse:
- Não tem cocó!
São tantas as situações que andamos constantemente com um sorriso nos lábios.
Estava na cozinha com as mãos ocupadas a fazer o jantar. O Santiago veio e agarrou-se a minha perna. Eu tinha as mãos sujas pelo que não lhe pode pegar mas ele nem se importou. Abraçou-se à minha perna e depois cobriu-a de beijinhos de alto a baixo.
Sinto-me a mulher mais sortuda do mundo por ter uns meninos tão carinhosos.
Não sei bem o que é que se passa cá em casa mas andamos todos cheios de sono. Os gémeos andam rabugentos, os mais velhos andam moles, a mãe adormece assim que se senta no sofá e o pai não anda melhor.
De manhã é difícil sair da cama. O despertador toca e eu penso só mais cinco minutos. Passado o tempo ele toca novamente e eu decido que fico mais cinco minutos. Ao fim de quinze a vinte minutos nisto lá acabo por sair apressadamente da cama porque já estou atrasada. Acendo as luzes aos rapazes para irem acordando mas nada. Tenho que os chamar várias vezes, por vezes olham para mim, respondem-me e voltam a dormir assim que viro costas. Visto-me e percebo que ele continuam a dormir pelo que tenho que os chamar novamente. Oiço:
- Estou tão cansado!
- Tenho tanto sono!
- Hoje vão para a cama mais cedo para amanhã não terem sono. – respondo-lhes
A verdade é que mesmo que os mande para a cama mais cedo acabam por demorar a adormecer e de manhã é sempre a mesma coisa. Sigo para tratar dos pequenos e é outro suplicio. Agora aprenderam a resmungar e ninguém os cala:
- Não que bestir! – diz o Santiago
- Vá filho para ires ver o Blaze.
- Não que o laze, que domir!
- Não pode ser. Vais comer para irmos à rua.
- Que dormir.- diz mais uma vez enquanto se tapa todo debaixo do dos lençóis.
A muito custo lá o consigo vestir com ele sempre a choramingar. Despacho um, tenho outro para tratar e a lengalenga é a mesma.
- Não que tirar zola.
- Tens que tirar a camisola do pijama para vestires a roupa.
- Não que a zola! Não quer a meia! Não que a calça!
Custa-me tanto ouvi-los chorar que querem dormir, que não se querem levantar. Penso no frio que está na rua, no frio que vamos apanhar e sinto o meu coração apertado. Sei que os meus filhos até são privilegiados, saem de casa por volta das oito e meia mas mesmo assim custa.
Confesso que muitas são as vezes que me apetece simplesmente tornar a enfiar na cama e dormir com eles até nos apetecer levantar.
Fui às compras e comprei uma tablete de chocolate daquela óptimas com amêndoas inteiras. Cheguei a casa a salivar pelo chocolate e depois do jantar levei a tablete comigo para o sofá.
Ofereci ao marido que me disse que não queria e eu pensei que assim ficava mais para mim. Parti um pedaço e coloquei na boca. Comecei a saborear aquele chocolate a derreter na boca. Senti uma amêndoa na boca e mastiguei-a. Assim que lhe dei a primeira dentada percebi que tinha cometido um horrível engano. Estava a morder uma avelã e não uma amêndoa. Corri a cuspir o chocolate enquanto sentia uma imensa comichão na língua. Fiquei desconsolada porque não só não pode comer o chocolate como ainda tive que avisar o marido que tinha que estar atento não fosse dar-me a travadinha.
Fica a lição de para a próxima olhar com olhos de ver antes de pegar as coisas no supermercado.
Desde que a escola começou tenho-me visto confrontada com algumas questões dos meus filhos.
- Mãe, um dia posso levar pizza para o lanche da escola?- perguntou o Leonardo
- Pizza para lanche?
- Sim os meus colegas levam pizzas e hamburguer para o lanche. Também posso?
Tive que ter uma conversa com o rapaz e explicar-lhe que pizzas e hamburguer não devem ser consumidos regularmente. Que devem ser comidos com peso conta e medida e como uma refeição principal. Fiquei algo chocada quando o rapaz me explicou que certos colegas levam este tipo de coisas para o lanche com alguma frequência. Fiquei pensar se serei a única mãe que pensa que este tipo de alimentos equivalem a almoço ou jantar e não a um lanche.
Mais tarde ouvi uma parecida do Guilherme.
- Mãe podes mandar-me morangos para o lanche da escola?
- Claro que posso. Faço uma caixa e coloco na tua lancheira.
- E podes enviar uns pacotes de açúcar para deitar em cima dos morangos?
- Açúcar? Mas tu comes os morangos simples.
- Sim mas eu vejo o meu colega que leva uma caixa com morangos. A mãe dele manda também três pacotes de açúcar para ele deitar por cima dos morangos.
- Três pacotes? Mas ele leva muitos morangos?
- Não mãe leva uma daquelas caixas pequeninas.
- Pois tu podes levar morangos mas sem açúcar.
Três pacotes? Já se passaram umas semanas desde esta conversa mas não me consigo esquecer deste numero que me parece um pouco exagerado, não? Fruta é um óptimo lanche para uma criança mas na forma natural. Neste caso os morangos do rapaz conseguiam ter mais açúcar que uma bola de Berlim. Depois temos as outras crianças que assistem a estas opções e claro que também querem. Querem levar pacotes de pipocas, chocolates, rebuçados e chupas.
Felizmente no nosso caso eles sabem que os doces são comidos de vez em quando e só com a nossa autorização. Mesmo quando têm festas na escola trazem o saco de doces para casa quando sei que a maior parte dos miúdos os comem na hora. Não sou uma daquelas fanáticas que os miúdos não podem comer nada. Os meus filhos comem imensas porcarias mas não o fazem a toda a hora. Quero que percebam que tudo deve ser consumido com peso conta e medida para que mais tarde saibam ter bons hábitos alimentares. Não sei se vamos conseguir ou não mas vamos continuar a tentar.
Estava a vestir o Salvador e o Leonardo veio enfiar-se na cama ao pé dele. Dei-lhe a roupa para se vestir também e peguei numa camisola para colocar no Salvador.
- Essa camisola não é minha?- perguntou o Leonardo
- Não Leonardo a tua é a outra. Esta já foi tua mas agora já não te serve.
- Já foi minha? Quando? Quando eu tinha 10 anos? Quer dizer, quando eu tinha oito, sete anos?
- Leonardo quantos anos tens agora?
- Sete.
- Então como é que a camisola te deixou de servir ao sete?
Os pequenos acharam mais piada a deitar os bonecos ao chão com as mãos do que com as bolas. Entretanto perceberam que aquilo era chocolate e já só queriam comer. Acabei por dar um a cada e divertimo-nos a comer a cabeça, barriga e pés dos Pais Natais
OGuilherme recebeu dois livros do minecraft no natal. Leu os dois de rajada e adorou pelo que tratei de comprar mais. A coleção ainda só têm quatro livros e ele neste momento já está no ultimo. Entretanto o Leonardo juntou-se a ele e começou a ler o primeiro. Neste momento já vai no segundo e está a adorar. Levam os livros para todo o lado e aproveitam para ler sempre que a luz o permite.
Aqui estão os culpados. Agora tenho que procurar outros do género para lhes fumentar o gosto pela leitura, principalmente ao Leonardo que nunca está para ai virado.
Sou imensamente friorenta, tenho constantemente as mãos e os pés gelados. Trabalho numa zona fria e utilizo a técnica dos líquidos quentes para aquecer no entanto deparo-me com um problema nesta técnica.
Bebo uma chávena de chá a ferver e aqueço um pouco, sinto-me melhor e as mãos passam de geladas a frias. Passado um pouco a bexiga começa a dar sinal. Eu ignoro e deixo-me estar até já não aguentar. Mas chega ao ponto em que já não dá mais e tenho que ir à casa de banho que não têm qualquer tipo de aquecimento. Claro que arrefeço consideravelmente depois olho para a torneira e só me apetece chorar a água é tão fira que me congela as mãos. Volto a bater o dente para a secretária e resolvo beber mais um copo de chá para aquecer. Pouco depois a bexiga informa-me que está a ficar cheia…
É um ciclo vicioso quanto mais bebo para aquecer mais vezes tenho que ir gelar à casa de banho.