Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Decididamente as crianças aprendem todas os mesmos truques. É só mencionar que são horas de dormir e eles inventam mil e uma coisas para adiar a ida para a cama. Uns pedem água, outros precisam ir à casa de banho, existem outros que vão dar beijinhos à família toda e quem se lembre que têm frio ou calor. Por aqui lembram-se que têm fome. Todos os dias lá vão eles sentar-se à mesa a comer a ceia.
Existem muitas diferenças entre ter um primeiro, um segundo e até um terceiro filho.
Num primeiro filho:
Temos todo o cuidado do mundo.
Lemos imensos livros para saber como fazer tudo.
Só lhe damos comida saudável. Primamos pelas coisas biológicas
Seguimos as instruções do pediatra à risca
Juramos que só vai comer doces aos 18 anos
Não deixamos o bebe olhar para a televisão até ter um ano de idade porque o pediatra diz que faz mal.
Não damos colo para não habituar mal
Não deixamos comer morangos, marisco e frutos secos antes dos dois anos por instruções médica
Compramos livros e brinquedos didácticos
Devoramos livros que falam sobre remédios milagrosos para o bebe dormir
Demoramos uma eternidade a fazer tarefas como mudar uma fralda ou vestir o bebe.
Morremos de medo de falhar
Juramos que nunca vai dormir na cama da mãe e do pai
Corremos para o médico ao mínimo sinal de doença
Num segundo filho:
Temos cuidado mas não tanto como do primeiro
Já não tanto ligamos ao que os livros nos ensinam
Começamos a ser menos selectivos na comida, come o que houver
Passamos a introduzir as coisas mais cedo e quando damos conta aos oito meses já come morango
Ficamos mais permissivos com doces e bolachas, afinal o menino não pode ficar aguado a ver o irmão comer.
Já não nos importamos que olhe para os bonecos que o irmão está a ver na televisão mesmo que ainda não tenha um ano
Passamos a dar mais colo porque percebemos que eles crescem demasiado depressa
Deixamos de comprar brinquedos porque percebemos que não lhe ligam nenhuma. Brinca com os que herdou do irmão
Ignoramos os livros que falam sobre o sono dos bebes
Corremos com o pai da cama para conseguir dormir com os dois pequenos
Passamos a lavar e vestir os miúdos com uma perna às costas
Temos menos medo de falhar
Só vamos ao médico quando já não há volta a dar
Num terceiro filho:
Aceitamos que as crianças são muito mais rijas do que parecem e deixamos de andar com mil e um cuidados
Olhamos para os livros que compramos e pensamos se alguma das coisas que lemos corresponde à verdade.Já não queremos saber de comida biológica. O que interessa é ter algo prático e rápido para calar as crianças na hora da fome.
Deixamos de ligar ao plano alimentar, basicamente damos aos pequenos o que houver em casa. Qual é o mal de comer morangos aos quatro meses? Assim ficamos logo a saber se é alérgico ou não.
Quando damos conta um dos mais velhos já deu chocolate ao bebe que ainda não têm mais que quatro meses
Já aprendemos a colocar o bebe à frente da televisão para conseguirmos fazer alguma coisa. Nem nos interessa se é um canal de bebé ou não.
Vivemos com o bebe ao colo, deixamos que durmam longas sestas nos nossos braços. Não importa que fiquem mal habituados dentro de meses já só querem gatinhar e andar.
O terceiro filho brinca com os poucos brinquedos que sobreviveram dos irmãos
Aprendemos a vestir-nos com um ao colo, outro pendurado na nossa perna e com o terceiro a chorar.
Tornamos-nos peritas em vestir e arranjar três mais depressa do que levávamos a tratar do primeiro.
Já aprendemos que vamos falhar em imensa coisa mas também sabemos que faremos bem muitas outras.
Só vamos ao médico em consultas de rotina ou situações de doença grave.
Têm passado os dias a mostrar-me fotos do que estava a fazer no ano anterior. Inicialmente achei piada mas depois comecei a ficar um pouco deprimida. Ser constantemente bombardeada por fotos de paisagem lindas e de refeições magnificas. Relembrar vezes sem conta as nossas aventuras e peripécias só poderia resultar numa coisa.
Fiquei com vontade de viajar novamente. Custa-me a crer que já passou um ano desde que andamos aqui e aqui
Os gémeos continuam a crescer a olhos vistos e com o crescimento aumentam as diferenças entre eles.
O Salvador é mais falador, adora apontar para as coisas e dizer o que são como que a provar que sabe o que fala. É mais espevitado que o irmão mas ao mesmo tempo é mais calmo. Não faz fitas e para ele está sempre tudo bem. Adora comer, principalmente pão e fruta. Tem sempre um doce sorriso nos lábios capaz de derreter qualquer coração mas como é muito independente acaba por receber menos mimos que o irmão. É, também, o mais dorminhoco. Adormece melhor e primeiro que o irmão. quando têm sono pede-me para ir para ao pé do pai, eu abro-lhe a porta e ele deita-se e adormece sozinho. Depois é só muda-lo de cama e dorme a noite toda.
O Santiago é mais inconstante a nível emocional. Tão depressa têm um sorriso no rosto como está a resmungar. É mais meigo que o irmão, passa a vida a dar abraços e beijos aos outros elementos familiares. Contudo também é mais teimoso e não têm medo de elevar o tom de voz para se fazer entender. Quando não quer uma coisa não quer, e não há nada que o faça mudar de ideias. É menos falador que o irmão e ainda não diz tantas frases. Por outro lado come melhor sozinho e já largou o biberão à imenso tempo, ao contrário do Salvador. O Santiago é mais menino da mamã. Pede mais colo, mais mimo. Só adormece colado a mim e passa a noite a chamar mãe.
Apesar de tão diferentes são também muito iguais. Ambos adoram ver bonecos e vídeos musicais. São fãs do Mickey e dos caricas. Adoram cantar e ouvir musica, qualquer tipo de musica. Quando vamos no carro consigo ouvi-los a acompanhar o rádio. Também adoram dançar. Adoram fazer desenhos e construções com legos. A cima de tudo adoram-se um ao outro, não fazem nada sem mencionar o irmão. Se dou uma bolacha a um pede-me logo outra para ir a correr enfiar na boca do irmão. Se um acorda vai logo chamar o irmão. Se vou lavar os dentes a um pede-me a escova do mano para lhe ir dar.
Adoro ver este carinho e cumplicidade que cresce diariamente diante dos nossos olhos. espero que a ligação entre eles continue a crescer e que sejam sempre os melhores amigos.
Para mim só serve para uma coisa. Acumular tralha.
No fim de semana tive que dar uma volta à nossa porque já nem conseguíamos passar da porta.Digam lá que não parecem imagens daquelas casas de acumuladores?
Quantos de nós não tecemos conclusões sobre determinadas coisas sem termos os dados todos à nossa frente.Por vezes tecemos conclusões sobre uma determinada pessoa ou relação quando a verdade é que não fazemos a mais pequena ideia.
Resolvi então demonstrar como às vezes as coisas não são bem como aparentam. Por vezes existem homens que parecem que precisam da aprovação das mulheres para tudo o que faz com que pensemos que a mulher deve ter um feitio difícil. A parte do feitio difícil é verdade mas o resto pode não ser.
O meu marido têm o hábito de se desculpar com a minha pessoa quando se quer esquivar a algo. Se o convidam para um convívio e não têm vontade de ir, inventa que eu preciso de ir aqui ou acolá. Outras vezes argumenta que eu já tenho planos. Percebam a parte em que saliento o eu como sujeito culpado da situação mas que desconhece completamente a mesma.
Mas há mais. Quando lhe ligam para vender alguma coisa pede que lhe liguem à noite e depois diz-me para atender. É certo que eu despacho-os num instante mas não havia necessidade de ter que fazer o trabalho sujo dele. No outro dia foi à porta atender um vendedor de televisão por cabo. Conseguiu dizer ao homem que estava fidelizado mas acho que o disse com cara de interessado. Acontece então que o sr. começou a desbobinar sobre todos os pacotes e preços até que me fartei. Lá fui eu, até à porta com a minha cara de poker dizer ao rapaz que não poderíamos mudar mesmo que quiséssemos. Despachei-o indicando para voltar dentro de um ano.
Ainda esta semana tivemos outra situação. Ligaram-lhe para o telemóvel, como não conhecia o numero pediu-me para atender porque deveria ser alguém a vender algo.
- Estou sim. - disse eu friamente
- Boa noite seria possível falar com o Rodrigo?
- Quem fala?
- Sou o X que joga com ele nos veteranos.
- Toma lá o telemóvel que é um colega teu da bola.
Claro que o colega deve ter ficado a pensar que eu era tão má que até controlo o telefone ao marido.
Fica então a deixa que a mulher nem sempre é a má da fita. Acho que muitos homens usam esse mito em proveito próprio e eu sou a prova disso.
Aproveitamos o jantar para falarmos um pouco. Eu perguntava ao Leonardo sobre o que tinha comido na escola.
- Leonardo andas a comer pão ao almoço?
- Comi a sanduíche que mandas-te no primeiro recreio.
- Está bem amor. E ao almoço comeste pão?
- Não. Comi sopa, comi o arroz e deixei o peixe.
- E comeste fruta?
- Comi maçã. No terceiro recreio comi a banana, duas bolachas de chocolate com caras que uma colega me deu e uma bolacha que um colega me deu parecida com uma bolacha de água e sal.
- Mas eu ando a cortar-te a ração e tu andas a comer comida dos outros? Foste tu que pediste aos teus colegas?
- Sim qual é o mal! Somos amigos não podemos partilhar?
- Claro que podem partilhar mas o que é que tu partilhas-te com eles?
Este ano fomos à segunda edição do Olivais Street Food. Chegamos ao fim da tarde quando o numero de pessoas ainda permitia uma livre circulação. Os pequenos brincaram nos divertimentos. De seguida provamos algumas coisas das roulotes. Comemos hambúrgueres, cachorros, sandes de bifanas, carbonada e bolas de Berlim. Eu ainda olhei para os gelados e para os outros doces mas já não havia barriga para mais. Saímos do festival por volta das 21 horas quando a maioria das pessoas estavam a chegar para assistir aos espectáculos. Deixo-vos algumas fotos.
Primeira experiência dos gémeos num insuflável. No inicio choraram mas depois já não queriam sair.
O Leonardo a escorregar pelo insuflável abaixo.
O Guilherme no trampolim e o irmãos a verem. O Salvador queria experimentar também.
O festival contou com a presença de artistas como Bruno Correia, Herman José,Toy e Mia Rose.