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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Saudades de ler.

Costumava perder a conta dos livros que lia. Lia os que comprava, os que pegava emprestados da tia e da prima, os que trazia todas as semanas da biblioteca. Aos poucos e com achegada dos filhos o ritmo foi abrandando. Já não podia ir para a cama às 20H e ler 200 páginas de seguida. Já não podia sentar no sofá com um livro novo e não me mexer até chegar ao fim.

Deixei de puder ler assim mas mesmo assim continuei, num ritmo mas brando. Passei de 4 ou 5 por semana para 1 ou 2 por semana mas ao menos conseguia ler. Aos poucos com o crescimento dos mais velhos comecei a conseguir recuperar o andamento. Durante a gravidez dos gémeos tirei a barriga de misérias. Principalmente nas três semanas que tive internada. Cheguei a ler dois livros no mesmo dia, também não havia muito mais para fazer e eu adorava embrenhar-me naquelas histórias que me levavam para bem longe daquela cama em que me encontrava. Os gémeos nasceram e eu continuei a ler durante o tempo que estiveram internados. Depois os gémeos tiveram alta e eu nunca mais tive tempo para pegar num livro.

Durante os últimos 20 meses contam-se quase por uma mão os livros que li, sinto tantas saudades de conseguir ler. Houve alturas em que pensei que já tinha perdido a embalagem mas nos cinco dias que tivemos na Disney consegui ler dois livros e isso fez-me perceber que eu continuo a mesma apenas com menos tempo.

Um dia desta semana o marido estava a ver um jogo da bola e os gémeos estavam todos contentes olhar para aquela imensidão de verde que se via na televisão. Eu vi aquilo como um sinal que poderia ter um bocadinho para mim. Fui sentar-me no sofá ao pé do marido com um livro na mão. Esperava eu voltar aos belos tempo em que ele via um jogo de bola e eu deixava-me estar ali enroscada nele embrenhada numa bela história. Não podia estar mais enganada...

Assim que os gémeos se aperceberam que eu tinha um livro na mão acharam que era boa ideia vir brincar comigo. Ali estava eu a tentar ler enquanto um me tentava fechar o livro e outro tentava ler ao mesmo tempo que eu mas em páginas diferentes.

Ainda tentei ir para o quarto mas desataram a chorar assim que sai da sala. Acabei por desistir e resignei-me a ler em pequenos momentos roubados aqui e ali. Não fiquei triste porque sei que é uma fase que vai passar mas até lá fica a saudade de ler como se não houvesse amanhã.

Já pensam que são crescidos.

Estava a tirar a loiça lavada da máquina e o marido chamou-me para ir ver o Salvador. Chego ao quarto é lá está ele todo entretido a tocar tambor ao som da música do panda.

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 Observei-o durante breves instantes, tirei uma fotos e regressei à cozinha para continuar a minha tarefa. Entro na cozinha e oiço um barulho estranho, parecia que alguém estava a sorver algo. Olho e percebo que é a minha vez de chamar o marido para ver o que o Santiago estava a fazer.

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 Pois é, estava ele sentado à mesa a fingir que bebia algo da tigela. Aproveitei para tirar fotos enquanto certas perguntas me surgiam na cabeça. Primeiro gostava de saber como é que chegou à tigela porque ia jurar que a tinha deixado fora do alcance deles. Depois queria saber como é que conseguiu subir para a cadeira e manter a tigela inteira, será que teve o raciocínio de a pousar em cima da mesa?

Felizmente correu tudo bem e até fiquei com umas fotos giras. Mas depois deste episódio e de um outro em que andava a passear com um prato acho que vamos guardar as loiças todas e passar a usar tudo de plástico.