Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Já dormiram melhor nas duas ultimas noites. Estão a comer melhor e mais bem dispostos. E a julgar pela desarrumação atrevo-me a dizer que já estão bons.
Estão eufóricos desde que acordaram e só fazem disparates.
Uma pessoa nunca está contente. Se estão parados é porque estão parados. Se não param é porque não param.
Deixem-me ir que já estão a saltar o sofá para irem mexer no aquário, ainda não percebi esta tara que têm de ir bater nos vidros do aquário.
Assim que entrei a porta de casa o Leonardo disse-me:
- Mãe, se calhar um dos manos mordeu-me.
- Se calhar?
- É que não me doeu.
Eu pensei que pelo menos não o tinha aleijado. Isto porque entramos oficialmente na fase das mordidelas. Todo o cuidado é pouco, temos que estar atentos para não os deixar afinfar os dentes nalguma parte do nosso corpo. E deixem-me que vos diga que afinfam tudo o que apanham. No outro dia o marido disse-me:
- Tens as calças do pijama tolhas molhadas nos joelhos.
- Pois tenho, estão babadas dos teus filhos que estiveram a afiar os dentes nos meus joelhos.
O que vale é que, como é uma zona sem carne e bastante larga eles não conseguiram abocanhar mas não se dão por vencidos. É só nos sentarmos no sofá e lá vêm eles tentar mordiscar os nossos joelhos.
No outro dia, O Santiago veio todo sorridente a estender-me os braços para o pegar. Peguei-o ao colo e ele esticou a boquinha para a minha bochecha. Por momentos fiquei toda babada a pensar que ia receber um beijinho, até que vi a boquinha a abrir e aqueles dentinhos afiados ( que mais parecem agulhas) a brilhar para mim. Percebi a tempo que se preparava para mordiscar a minha bochecha, o safado.
Mordem brinquedos, chuchas, colheres, chinelos e sapatos (se os apanham), mordem os fechos da roupa (se os tiverem), já os apanhei a tentar morder o sofá e a quina dum móvel. Já não me basta ter uma porta de casa toda mordiscada pelo cão, a trave do fundo da cama mordiscada pelo Leonardo agora estes vão-me roer o sofá!
Compra uma pessoas, aquelas coisas próprias pare eles roerem, eles não lhes pegam e depois anda a mordiscar tudo e todos. Há uns dias ouvi o Salvador chorar quando lá chego estava agarrado è mão. Fui tentar perceber o que lhe doía e vi uma bela marca de dentinhos, fiquei sem saber se se tinha mordido a ele próprio ou se colocou as mãos na boca do irmão e o outro afinfou-lhe.
Vamos lá ver se esta fase vai passar depressa ou se veio para ficar.
Qual é a experiência que têm neste assunto? O que me aconselham?
Confesso que do Leonardo acabei por me fartar das mordidelas e, um dia, dei-lhe uma pequena trinca. Estou farta de ouvir que é antipedagógico mas a verdade é que nunca mais mordeu ninguém. Claro que desta vez queria evitar este remédio mas também não quero que andemos todos mordidos.
Antes de sair de casa deparei-me com os gémeos assim.
Isto de estar doentes tem um lado positivo. Estão mais calmos e não fazem tantas asneiras. O lado negativo é que só querem colo. Ontem o marido foi para a piscina com o Guilherme e eu tive o tempo quase todo no sofá a dar colinho aos dois.
Sentou-se um em cada perna e assim ficámos os três. A noite correu mais ou menos. O Salvador passou a noite a tossir, presumo que seja resultante dos corticoides.
Olho para a foto e penso que era capaz de pagar para estar assim deitada no sofá, deitada sem fazer nada de nada.
O Santiago passou a noite de domingo para segunda a chorar. Estava cheio de sono mas parecia que não conseguia dormir, passado um pouco apareceu a febre. Passei a noite toda em claro com ele e com o irmão que acabou por acordar com o berreiro todo. De manhã deixei-os na avó e vim trabalhar. Pensei que aguentassem o dia mais ou menos e seriam vistos nas consultas que tínhamos no dia seguinte. Mas eles choraram o dia todo e a avó ligou-me a dizer que o Santiago tinha liquido a sair do ouvido. Sai um pouco mais cedo e fui para as urgências com eles.
Chovia imenso, apanhamos transito e mais transito mas lá chegamos ao hospital. Uma médica viu os meninos e deu-me o diagnóstico. O Santiago já estava bom da bronquiolite e agora tinha uma otite. O Salvador continuava com a bronquiolite e tinha um ouvido um pouco inflamado que poderá ou não originar uma otite. Tivemos que fazer puffs de ventilan e atrovent ao Salvador e esperar para ver a reacção. Felizmente reagiu bem e podemos vir para casa. Saímos do hospital já passava das vinte e uma horas. Paramos numa farmácia de serviço, a avó foi comprar o antibiótico para o Santiago e eu fiquei a dar voltas com o carro para eles adormecerem.
Cheguei a casa já depois das 22h com os braços doridos de tanto colo e sem ter comido, nada desde o almoço. Fiquei um pouco mais animada porque recebi uns beijinhos de boas noites dos mais velhos que não estavam a conseguir dormir. Acho que estavam preocupados comnosco. Dei o antibiótico ao Santiago e o pai ficou a adormece-los enquanto eu fui comer duas fatias de pão rico torradas. Fomos dormitando durante a noite, os pequenos mexeram-se muito e gemeram a noite toda.
Na manhã seguinte o marido foi levar os mais velhos à escola e eu fiquei a arranjar tudo para irmos para as consultas. Chegamos ao hospital às onze horas e entramos logo para a enfermeira. Pesamos e medimos os meninos. O Salvador já tem mais 300g e 2.5cm que o irmão. O Santiago está no percentil 50 de tamanho e entre o 50 e o 75 no peso. O Salvador está no percentil 75 tanto no peso como na altura. A enfermeira ficou preocupada com o Salvador que fazia um ruído imenso a respirar e levou-o a medir o nível de oxigénio. Para surpresa estava nos 100% apesar da dificuldade.
Saímos da enfermagem e fomos chamados para tirar sangue ao Santi. O menino chorou imenso, fazia uma força desgraçada para se soltar o que só fazia com que o sangue teima-se em não sair da veia. Como eram uma colheita para análises pré-operatórias foi necessário um pouco mais de sangue habitual o que equivaleu a um choro mais demorado.
Fiquei a acalma-lo enquanto esperávamos para a consulta de alergologia. Os minutos iam passando e nós começamos a ficar preocupados porque tínhamos um RX a seguir. Falei com a enfermeira e esta foi explicar à doutora que nos chamou logo de seguida. O Santiago foi visto em dois minutos e seguiu com o pai para o RX enquanto nós ficamos a fazer o resto da consulta.
Depois de examinar o Salvador, a doutora referiu que o ouvido estava inflamado e que provavelmente iria precisar de antibiótico. Disse-nos que deveríamos voltar à urgência caso ele começasse a ficar queixoso. Disse-nos também que deveria manter o ventilan e o atrovent ao Salvador e deveria fazer também ao Santiago em SOS. Receitou-nos Rosilan para fazer durante três dias aos dois para vez se conseguimos limpar aqueles pulmões de vez. Receitou-nos também o Singular. Os pequenos vão tomar uma saqueta todos os dias até voltarmos em Maio. Vamos ver se este tratamento os ajuda.
Saímos da consulta e fomos ter com o pai e o Santi ao RX. Chegamos no exacto momento em que estavam a sair pelo que descemos aos bares para comer alguma coisa. Engolimos o comer e voltamos para o pavilhão das consultas. Quando chegamos os meninos tinham adormecido, paramos o carro num cantinho e deixamos-los dormir. Entretanto chamaram-nos para a enfermeira, eu entrei e expliquei que os meninos estavam a dormir. A enfermeira não viu necessidade de os examinar porque tinham sido visto de manhã mas tinha algumas perguntar para fazer. Fiquei com ela a preencher as fichas e acho que demorei ainda mais tempo que de manhã em que os meninos foram despidos e pesados. Esta enfermeira é muito meticulosa e quis saber tudo e mais alguma coisa.
Sai da enfermeira e eles ainda dormiam. Continuaram a dormir até entrarmos no gabinete da médica. O Santiago já estava com febre e a médica tratou de chamar uma enfermeira para lhe dar o paracetamol. De seguida a enfermeira fez puffs de ventilan e atrovent aos dois porque a doutora, depois de os auscultar, achou que ambos precisavam. A doutora referiu que deveríamos fazer o tratamento aos dois durante os próximos três dias. Eu fiquei confusa em relação ao Santiago, a médica da urgência disse que ele já não precisava, a de alergologia disse que deveríamos fazer em SOS e a de neonatologia disse que deveríamos fazer em esquema, de 8 em 8 horas. Fiquei sem perceber se é uma questão de opinião ou se o que ouviram nas auscultações estava diferente. Sei que por vezes ele está com pieira, depois tosse um pouco e fica aliviado. Penso que será isso que leva a termos recebido indicação de três tratamentos diferentes. Optamos por lhe fazer os puffs de 12 em 12 horas caso não o notemos aflito, afinal já vai estar a antibiótico, singular, rosilan, flixotaide. Quanto ao Salvador vamos manter tudo de 8 em 8 e rezar para o ouvido melhorar por si sem dar muita chatice.
Saímos do hospital à pressa para irmos buscar os mais velhos. Enervamos-nos no trânsito que teimava em não andar, víamos os minutos a andar e nós no mesmo sitio. No fim tivemos a sorte do nosso lado e apanhamos uma aberta. Chegamos à porta da escola mesmo a hora exacta.
A noite foi passada assim, assim. Muita voltas, muito gemido, muita pieira o que levou a que eu, que nunca preciso de despertador, tenha adormecido de manhã. O pai ficou em casa com os pequenos e esperamos que isto tudo tenha fim durante os próximos dias. Acho que não temos força para muito mais.
P.S: Por favor desculpem qualquer erro é que estou completamente disléxica devido ao cansaço.
Acordei com o Santiago a mexer, abrir os olhos e ainda estava de noite. Ouvi os contadores da água a funcionar pelo que estimei que deveriam ser 6:30H. Aconcheguei o Santi e adormeci novamente. Abri os olhos e o sol já estava alto. Olhei para o telemóvel e tinha ficado sem bateria. Corri a ver as horas e constatei que já passava das 8 horas. Corri a acordar a arranjar-me, acordei os mais velhos, preparei lanches e pequenos almoços, preparei a mala da piscina e saímos de casa a correr. Não sei se devido à correria ou se devido ao cansaço mas tenho a cabeça zonza, estou desde manhã cheia de tonturas.
Para ajudar vim o caminho no auricular a tratar de assuntos do trabalho. Cheguei aqui e tenho tudo de pantanas. Mil e uma coisas urgentes, tudo para ontem. Comecei a tentar colocar tudo em ordem e liga-me o porteiro a avisar que tinha duas clientes para uma reunião comigo. Esqueci-me completamente é o que dá confiar nos telemóveis e depois não os carregar.
Preciso que o dia acalme porque estou exausta dos últimos dois dias. Daqui a pouco já vos conto o que temos andado a fazer. Mas, por enquanto, podem enviar-me umas energias positivas para que o meu dia melhores é que estou mesmo a precisar.
Os últimos dias foram passados de pijama em casa. Os gémeos ainda não estão bons e nós continuamos a resguardá-los o máximo possível. Passamos o fim-de-semana a brincar e a jogar jogos. Dos que recebemos posso dar um opinião positiva sobre o pictionary, o gestos e o scrabble júnior. Experimentámos também o Cluedo júnior mas posso dizer que me desiludiu imenso. É extremamente básico, bem sei que é para crianças mas poderia ser um pouco mais complexo. Pensei que seria um jogo que os faria puxar um pouco pelos neurónios mas o Guilherme resolveu tudo em dois tempos. Primeiro ganhou-me a mim e depois ao pai.
No sábado tirei o pijama durante algum tempo e fui com os mais velhos ao parque.
Brincaram no parque, nas máquinas de exercícios e andaram de trotineta. Foi o único tempo que tivemos fora de casa.
Depois chegamos a casa e estivemos a ver o filme Maléfica. O Guilherme sentou-se ao pé de nós a ver e nós ficamos à espera do momento em que iria desistir de assistir ao filme. Ele surpreendeu-nos, aos dois, e viu o filme todo do principio ao fim. Está a crescer de dia para dia, começa a demonstrar interesse por outras coisas, até já pediu ao pai um MP3 para ouvir musicas. Quem começa um pouco a sofrer com isso é o Leonardo que não vive sem o irmão. Enquanto estivemos a ver o filme veio meia dúzia de vezes à sala perguntar ao irmão quando é que ia para o quarto brincar com ele.
Eu fico contente por o Gui estar a crescer mas com pena do Leonardo. Tenho medo que ele cresça rápido demais só para acompanhar o irmão. Por enquanto vou tentando incentivá-lo a brincar com os gémeos para que não perca a criança que está dentro dele. Em parte consegui recuperar algumas coisas. Já vê novamente o Jim Jam, os caricas, o panda vai à escola. Tudo coisas que tinha abandonado por o irmão não ver.
Apesar de termos estado reclusos em casa, o fim-de-semana foi bom. Tivemos tempo para olhar melhor para os nossos meninos e apercebermos-nos das mudanças que estão a sofrer.
Esta história de passar o Ano Novo em casa tem muito que se lhe diga. Eu tinha jurado nunca passar esta noite dentro da minha habitação ou, caso o fizesse, afirmei que passaria a meia noite barricada atrás do sofá. Infelizmente tive que quebrar uma parte da jura mas a outra cumpriu-se. Deixei-me ficar deitada no sofá e nem me aproximei dos quartos não fosse acabar atingida por um objecto não identificado. É melhor explicar.
A passagem de ano de 2006 para 2007 foi passada com a família, na terra do pai que fica bem ao lado da serra da Estrela. Estava um frio de rachar e nós fizemos uma imensa fogueira na rua para nos aquecermos. Dia um regressamos a casa, pois tínhamos que trabalhar no dia seguinte. Chegamos a casa e fui, logo, espreitar o quarto que o marido tinha estado a pintar antes de partirmos. Entrei no quarto e vi um belo tom de azul bebe pelas paredes, pronto para receber o nosso primeiro filho. Entretanto reparo numa falha na parede e começo logo a gozar com o marido:
- Já viste que falhas-te um pouco.
- Isso não estava assim quando eu sai! - afirma o marido.
- Como é que não estava assim? Não temos fantasmas em casa. Deves ter encostado a pedra mármore da escrivaninha à parede e esta raspou a tinta.
-Catarina não encostei, se vires bem a pedra está mais alta que a falha.
Eu avanço uns passos para olhar a imperfeição mais de perto. Chuto qualquer coisa e oiço um som metálico de uma coisa redonda a rebolar pelo chão. Olho para o marido e ele olha para mim, dizemos os dois ao mesmo tempo.
-Será que foi um tiro?
Olhamos para o estore do quarto e lá estava um pequeno buraco por onde a bala tinha passado. Andamos um pouco de rabo para o ar mas lá encontramos o projéctil. Por sorte, o marido tinha deixado a janela aberta, para sair o cheiro da tinta, e apenas o estore corrido. Pelo menos não tivemos despesas.
Chamamos a GNR que levou a prova do crime e nos fez questões do género: "Tem alguém que lhes possa querer fazer mal". Respondemos que não e que nem conhecíamos ninguém por aquelas bandas. A investigação mais rápida da história concluiu que seria uma bala perdida. Aparentemente os caçadores reúnem-se nas imediações e disparam para o ar para festejar a passagem de ano.
Felizmente ninguém se aleijou mas ainda tenho receio de passar esta noite em casa. Curiosamente este ano não ouvi tiros, ou então estava a dormir tão bem que nem dei conta.
Pois é, o milagre voltou a repetir-se cá em casa. Desta vez transformaram uma bateria em duas, talvez para não precisarem de partilhar o brinquedo. Assim fica um bocado para cada um.
Eu acho que já não há salvação mas o marido diz que a vai tentar arranjar. Supostamente vai colocar parafuso no apoio de plástico. Fico à espera mas, entretanto, não deixo os gémeos aproximarem-se da dita cuja ou ainda ficamos com mais umas peças.
Entramos no ano com os pequenos bastante doentes. Adormeci com o Salvador ao colo ainda um pouco antes da meia noite. Lembro-me de acordar com os barulhos dos festejos mas acabei por adormecer novamente. O cansaço era muito e temos que aproveitar os momentos em que dormem.
Os mais velhos foram para o Terreiro do Paço com os avós e divertiram-se imenso. Chegaram a casa dia um, de manhã, todos contentes. Contaram que gostaram muito do fogo de artificio. O Guilherme queixou-se que levou um banho de champanhe e que depois do fogo estavam todos aos encontrões para irem embora. Pensei que ainda bem que os pequenos estavam doentes porque teria sido difícil estar no meio daquela confusão toda com eles tão pequenos.
O dia um foi passado em casa em pijama. Vimos filmes, jogamos, brincamos e comemos. O Salvador já está a tomar a mesma medicação que o irmão e começa a melhorar. O Santiago acaba a medicação hoje mas ainda está muito atacado, espero que consiga recuperar o resto sozinho porque senão teremos que voltar ao hospital.
Hoje e amanhã vamos continuar por casa a ver se conseguimos que os gémeos recuperem. Vamos aproveitar para passarmos tempo em família.
Os gémeos continuam a demonstrar uma preferência pelos brinquedos dos irmão. Adoram brincar com estes caixotes do lixo, só temos que ter a certeza que não têm os bonecos.