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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Época da loucura

Por aqui está aberta a época da loucura. Todos os anos assim é e este ano não poderia ser diferente. Não estranhem se os post se tornarem mais curtos e escassearem um pouco. Acontece que o trabalho aperta, mil e uma coisas para fazer e nem de perto horas suficientes para o fazer. Já recorremos à contratação de temporários para ajudar no pico de trabalho, se bem que para a chefia isto deva resolver o problema, eu afirmo que não é bem assim. Nem sempre consigo ter pessoas que já cá tenham estado e que já conheçam as características dos clientes. Muitas são as pessoas novas que nos surgem aqui sem terem luzes nenhuma sobre o que fazer e mesmo as que já fizeram trabalhos semelhantes demoram a entrar no ritmo. Cada cliente tem particularidades e exigências diferentes e o que resulta num não serve no outro. Por isso, por cada pessoa nova que entra eu ou alguém da minha equipa tem que perder tempo a explicar e a acompanha-la. Depois deixamos-las andar sozinhas e durante uns dias andam um pouco à toa. Entretanto começam a perceber da coisa e a entrar no ritmo. Quando estão a trabalhar maravilhosamente o trabalho acaba e temos que os mandar para casa.

Infelizmente esta é a realidade do mercado de trabalho que temos e com a qual eu tenho que trabalhar. O problema é que eu não consigo falhar um deadline e por isso trabalho a dobrar ou a triplicar. Fico sobrecarregada e tenho que sobrecarregar os membros da minha equipa que me acompanham o ano todo. Já tivemos que trabalhar este sábado e vamos ter que trabalhar os que se avizinham. Muita hora extraordinária, muito stress, muito cansaço apenas com a certeza que até dia 15 tem que estar tudo pronto.

Bem vou-me embora soterrar-me mais um bocadinho em roupa.

 

Tudo serve para brincar #2

Andavam a tentar trepar para uma das prateleiras do móvel pelo que resolvemos retirar a prateleira antes que algum se aleijasse. O resultado não foi de todo o que esperávamos, é certo que já não conseguem trepar e não correm o risco de levar com ela em cima, mas agora não saem de dentro do móvel.

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 Passaram o fim-de-semana a lutar pelo lugar dentro do móvel.

 

Reciclar e reutilizar

Já não é a primeira vez que vos digo que gostamos muito de reciclar e reutilizar cá em casa. Na verdade o nosso preferido é o reutilizar. Adoro ir buscar roupa, brinquedos, puzzles que guardei dos mais velhos e utilizá-los nos mais novos.

Ora acontece que o Guilherme têm andado a devorar livros e já leu tudo o que lhe comprei nos últimos tempos. Ontem chegou a casa e disse-me que já tinha acabado de ler um livro que lhe ofereceram no Natal, que era muito interessante. Foi a minha tia que lhe ofereceu, o livro tem uma história na qual temos que resolver problemas matemáticos, depois avançamos consoante o resultado que escolhemos. Se escolhermos o resultado certo corre tudo bem, se errarmos acabamos por ter que voltar atrás e resolver o problema novamente.

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O Guilherme adorou-o e já me pediu para comprar mais livros da colecção juntamente com mais do Diário de um banana. Eu que ando sem tempo para nada, quanto mais andar à procura de livros para comprar resolvi resolver o assunto de outra maneira. Liguei à minha mãe a pedir para colocar à mão alguns dos meus livros de criança e hoje de manhã presenteei o meu filho com um saco de livros.

Ele adorou todos e levou logo um dos Sete para ler na escola. Quem também gostou dos livros foi o Leonardo que me pediu para lhe ensinar as letras que ainda sabe no fim-de-semana. Diz que quer aprender a ler tudo para ler aqueles livros tão giros.

Quem diria que livros com quase vinte anos iriam causar tanta alegria.

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Como vai a escola?

Certamente muitos de vocês já se questionaram como é que correu o primeiro período do ano lectivo. Especialmente depois de eu me ter chorado sobre o aproveitamento do Guilherme aqui.

Nas férias passamos pela escola para espreitar a pauta. Já estava de noite e eu fui munida do telemóvel para tentar ler aquelas letras minúsculas. Resultado vi tudo ao contrário. Pensei que tinha tido negativa a Inglês e satisfaz a tudo o resto, ainda por cima disse ao menino que tinha tido estas notas. Foi o marido que verificou que afinal até tinha uns bons na pauta e nenhuma negativa quando lá passou uns dias mais tarde, durante o dia.

Esta semana fui falar com as professoras. A do Leonardo só tinha coisas boas a dizer dele. Teve muito bom a tudo, tem uma letra muito bonita e porta-se lindamente (estamos a falar do meu filho? Porta-se lindamente?). Claro que o meu coração de mãe ficou inchado de orgulho. De seguida fui falar com a professora do Guilherme. A professora queixou-se da letra pavorosa com que escreve, diz que muitas vezes não percebe o que escreve e tem que colocar errado. Entretanto fui espreitado os testes. Os primeiros  tinham todos uma classificação de satisfaz como eu já sabia. A professora referiu que foi o aproveitamento de toda a turma e desculpou-os dizendo que ainda não tinham entrado no ritmo depois das férias. Enquanto conversávamos peguei nos últimos testes, aqueles que foram feitos na última semana de aulas e que o Guilherme nunca soube o resultado. Para meu espanto teve bom grande a tudo, até a português. Eu fiquei felicíssima, afinal o raspanete que levou teve efeito.

Vim da escola muito aliviada. Assim que cheguei a casa o Guilherme perguntou-me, too feliz, se tinha visto que ele tinha tido bons nos últimos testes e eu dei-lhe os parabéns. Disse que estava muito contente mas expliquei-lhe que tinha que continuar a trabalhar para manter os resultados. Disse-lhe também que vamos fazer duas cópias nos fins-de-semana como forma de o treinar a fazer letra bonita.

Vamos ver como é que corre o resto do ano mas confesso que já não estou tão pessimista.

Deixo-vos um desenho do Leonardo que não pude deixar de registar. Achei tão fofo ele dar-se ao trabalho de nos fazer a todos.

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É assim que fazemos cá em casa.

Muitas são as pessoas que se admiram de conseguirmos ter tudo organizado com tanta criança. Lembro-me de o dono da farmácia que sou cliente me perguntar se eu ia deixar de trabalhar, segundo ele seria impossível ter quatro filhos e ainda trabalhar um horário completo. Entretanto a Niki mencionou que gostaria de saber como é que eu me organizava para fazer as coisas e eu resolvi aceitar a proposta. Assim vou deixar aqui alguns post sobre como nos organizamos cá em casa.

Hoje vamos falar sobre a limpeza e arrumação da casa. Primeiro que tudo devo dizer-vos que a decoração em nossa casa é minimalista, temos muito poucos bibelôs. Não gostamos assim muito deste tipo de coisas e os poucos que tínhamos têm sofrido fatalidades ao longo do tempo. A maioria dos móveis têm pés o que possibilita uma fácil limpeza sem que tenhamos que estar sempre a desvia-los.

Já, por mais do que uma vez, afirmei que é o marido que limpa a casa e volta a enaltecer este assunto. Por norma na quinta-feira à noite sacudimos os tapetes, temos o cuidado de arrumar os brinquedos todos e se sobrar tempo ainda limpamos alguma coisa. Na sexta o marido vai a casa há hora de almoço, costuma limpar o pó, aspirar e lavar os quartos e hall. Depois do trabalho trata da sala, cozinha e hall de entrada. Costumamos pedir à avó que fique com os gémeos até às 20H. Eu vou à piscina com os mais velhos, depois passo por casa da avó a buscar os pequenos e quando chegamos a casa já costuma estar tudo limpinho.

Quando o marido não consegue fazer as coisas na sexta temos que tratar disso no sábado. Eu e os mais velhos entretemos os gémeos entre a cozinha e a sala enquanto o marido se fecha na outra metade da casa a limpar. Eu vou tratando da roupa e do almoço. Quando vou dar almoço aos gémeos o marido já acabou lá dentro. Os miúdos vem todos para a cozinha e ele trata da sala. Depois almoçamos, arrumamos e limpamos a cozinha.

Claro que isto resulta porque nunca temos a casa muito suja. No domingo, ao final do dia, o marido aspira a casa toda enquanto eu trato de dar comer aos pequenos. Depois ao longo da semana vamos passando o swiffer no chão ( dia sim, dia não). O mesmo se passa com o pó, como temos móveis pretos parece que estão sempre com pó. Costumamos ir passando o pano nos móveis mais escuros e na televisão duas ou três vezes por semana. Demora cinco minutos e fica logo tudo com outra cara.

O chão vai sendo lavado consoante é necessário. Ultimamente é prática mente todos os dias porque os gémeos sujam todo a comer.

Regras:

  • Prateleiras, candeeiros e outros artigos altos costumam ser limpos de quinze em quinze dias.
  • Interior de roupeiros, louceiros e móveis da cozinha são limpos 2 vezes por ano, quando estamos de férias.
  • Janelas são limpas quando calham. No Verão costumo limpar de quinze em quinze dias mas de inverno não sou tão rigorosa. Limpo as dedadas por dentro, quando está sujo e dou um jeito por fora se não tiver a chover.
  • Espelhos dos roupeiros nunca estão limpos mesmo que os tenhamos limpo há cinco minutos atrás. Por aqui gosta-se muito de colocar as mãos nos vidros para abrir as portas. Os gémeos também gostam de beijar e lamber os espelhos.
  • As casas de banho são limpas ao fim-de-semana. Durante a semana dá-mos um jeitinho caso seja necessário.
  • Os miúdos  estão proibidos de comer fora da cozinha. Durante uns tempos deixava-os comer bolachas no quarto com um tabuleiro. Mas depois descobria o tabuleiro virado ao contrário e a cama cheia de migalhas. Agora comem sentados à mesa e o Guilherme até varre o chão se vir migalhas espalhadas.

Acho que só me falta mencionar que se houver um trabalho de equipa tudo se faz. Podemos aproveitar estas actividades rotineiras e juntar alguma brincadeira com os pequenos.  Se ando a limpar o pó dou um pano aos gémeos e ele começam a imitar-me. É vê-los a esfregar o pano em tudo onde chegam. Se vou aspirar, passo metade do tempo a aspirar os gémeos e eles adoram. Para além de promover algum tempo de brincadeira também os ajuda a começarem a gostar de limpar e ver as coisas limpas. Quando mais velhos estão em casa e andamos em limpeza, pedem logo um pano e tratam de limpar o quarto deles. Não fica maravilhoso mas vão aprendendo a fazer as coisas. Eu fico toda contente de quererem ajudar.

E vocês tem mais algumas ideias para melhorarmos estas rotinas e quem sabe poupar tempo.

 

 

Defenitivamente são mais espertos que nós

Os últimos tempos têm sido tempos de batalhas. Andamos sempre a imaginar soluções para os problemas que nos vão surgindo e quando cantamos vitória os gémeos mostram-nos que afinal apenas adiamos a derrota. Vou dar-vos alguns exemplos.

Os gémeos já chegam às bancadas da cozinha pelo que ontem coloquei o jantar dos mais velhos em cima do vidro da placa ( cerca de 10 cm mais alta). Entretanto, sai da cozinha durante dois minutos para conferir os trabalhos do Guilherme e quando chego à cozinha nem queria acreditar no que via. Tinham aberto a ultima gaveta, subiram para cima dela e estavam a tirar comer dos pratos dos irmãos. Como se não bastasse estarem a roubar comer aos irmãos ainda conseguiram que a gaveta cedesse. Um dos ferros que fazem a gaveta correr ficou todo torto. Acabei por guardar a gaveta e ficar com um buraco nos armários da cozinha. Não vou afirmar que resolvi o problema porque daqui por uns dias eles já descobriram outra maneira de lá chegar.

Outra situação tem a ver com a televisão que ele não descansam enquanto não estragarem. Tive uma ideia luminosa, passei numa loja do chinês e comprei um pedaço de corda. Cheguei a casa e tratei de atar a mesa de apoio ao móvel da televisão. Fiquei toda contente quando verifiquei que já não conseguiam arrastar a mesa para chegar à televisão. Claro que a vitória durou muito pouco tempo porque eles descobriram uma nova forma de lá chegar.

 

 

Sempre ouvi dizer: " Se não os podes vencer junta-te a eles." e cada vez concordo mais com este ditado. Acho que estes miúdos são muito mais à frente.

Tudo serve para brincar...

Estes pequenos brincam com tudo. Quando digo com tudo refiro-me a tudo o que não são brinquedos. Lembro-me dos mais velhos me irem roubar os raspa-tudo da gaveta dos talheres e andarem a fazer espadachim com eles. Agora são estes mais novos que adoram brincar com o que não devem. Ontem cheguei à sala e estavam a esconder-se um do outro debaixo da manta do sofá.

 

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 E por ai também é assim? Os brinquedos só servem para espalhar e para brincar são os comandos, telemóveis, talheres, tachos....

Não consigo deixar de pensar nº2

Só agora consegui ter alguns minutos para vos vir por a parte dos desenvolvimentos. Ontem não consegui saber nada, o marido não soube quais eram as crianças. Perguntei ao Guilherme pela menina, ele disse-me que a tinha visto na escola e eu pensei menos mal.

Hoje de manhã perguntei à auxiliar que me descansou. Afinal a vizinha colocou as crianças no autocarro e pediu ao motorista que lhes indicasse onde deveriam descer. Acontece que o motorista se esqueceu das crianças e só se lembrou um pouco mais adiante. Então comunicou com o colega que vinha a fazer  no percurso contrário e encontraram-se a meio do trajecto. Transferiram as crianças de um autocarro para o outro e o segundo motorista tratou de as deixar na escola. No fim disto tudo ainda conseguiram chegar à escola a horas.

Felizmente acabou tudo da melhor forma.

Dezoito meses

Faz hoje dezoito meses que estes dois pestinhas vieram animar a nossa vida e completar a nossa família. Deixem que vos diga que apesar de muito cansativo não deixo de me sentir abençoada todos os dias. Fomos presenteados com quatro filhos maravilhosos que nos enchem o coração.

Os mais velhos estão cada vez mais crescidos e maduros mas os gémeos não lhes ficam atrás. Estão naquela fase que parece que desenvolvem de dia para dia. O Salvador está giríssimo. Diz aia ( água), ru (rua), ade ( adeus) , bu ( chucha) lherme ( Guilherme), agado (obrigado), papa, pai e mãe. Chega ao pé de mim e começa a bater-me na perna ao mesmo tempo que diz mai. Eu adoro ouvi-lo dizer mai, pronuncia igual a pai mas com m no inicio. É a coisa mais fofa. É muito atento e aprende tudo à primeira. Este fim de semana estava a tirar a roupa da máquina de secar e ele começou a tirar as peças que restavam e a dar-me. Deu-me a primeira, a segunda, a terceira, depois pegou a última e enfiou a cabeça dentro da máquina a ver se já estava tudo. Tirou a cabeça e fechou a máquina com a barriga porque tinha as mãos ocupadas e disse "já tá". Depois escondeu-se a um canto a fazer força, eu percebi que devia estar a fazer presente e esperei que acabasse. Assim que acabou foi buscar o muda fraldas e começou a apontar e a dizer ali. Conversa muito embora eu não perceba nada. Chama por mim e quando eu lhe digo o que foi começa com um blá, blá, blá. Eu vou dizendo que ele tem toda a razão embora não faça ideia o que quer dizer.

O Santiago é mais birrento e teimoso. Dizer-lhe que não é o mesmo que dizer que sim. Se estiver a fazer alguma coisa e o tirarmos de lá volta logo a correr a fazer o mesmo. Diz água, papa, e caca com as letras todas. Depois diz lherme, bu e pouco mais. Parece-me que é daqueles que só diz as coisas quando as sabe pronunciar bem. É mais parado que o irmão, passa mais tempo a brincar com legos ou livros. É capaz de ficar sossegado a ver bonecos durante um bocado. Quando os bonecos acabam diz adeus e manda beijinhos mas assegura-se que estamos a vê-lo para lhe dizermos que está a fazer bem. Pede água e não se cala enquanto não lha damos. Verdade seja dita, ele não pede exige. Quando nos vê pegar no copo de água diz "ye, ye" e bate palmas como quem diz: "finalmente perceberam". Parece mais mole que o irmão mas aprende tudo ao mesmo tempo.

Cada um é especial à sua maneira e é muito engraçado ver que apesar de muitas diferenças também tem muitas semelhanças. Roubam tudo um do outro, só querem o que o outro têm e isto desde as chuchas aos brinquedos. Quando um tira o biberão porque não quer mais o outro larga o dele também. Quando um tira o babete porque não quer mais comer o outro também já não quer e ajudam-se um ao outro a tirar os babetes. Quando um chora o outro costuma chorar por simpatia. No outro dia estavam os dois debruçados sobre a mesa da sala a ver bonecos e eu estava a apreciar o espectáculo. Se um levantava um pé o outro levantava o mesmo pé. Se um colocava o pé esquerdo em cima do direito o outro fazia igual. Se um coçava a cabeça o outro fazia o mesmo. Isto tudo com eles de olhar fixo na televisão não conseguiam ver o que o irmão estava a fazer.

Cada vez está mais presente que de facto têm uma ligação especial em que não são precisas palavras.

 

Não consigo deixar de pensar.

Resolvi escrever sobre o assunto porque preciso deitar tudo cá para fora, pode ser que assim consiga fiar mais descansada.No fundo o que se passou nem me dizia respeito mas o meu coração de mãe fala sempre mais alto nestas situações.

Fui deixar os mais velhos na escola e apercebo-me que algo não estava bem com uma das mães. A senhora andava igual a uma barata tonta dentro da escola, via-se que estava aflita. Acabou por sair acompanhada da auxiliar e estava praticamente a chorar. A meu ver até estava bastante comedida, se fosse comigo acho que estaria a chorar baba e ranho. Como é uma escola pequena acabamos por nos conhecer todos, muitos dos pais e avós que estavam presentes quiseram saber o que se passava. A mãe explicou que tinha pedido a uma vizinha que trouxe-se as duas crianças para a escola mas elas nunca chegaram ao destino. Ouve quem pergunta-se se não tinha o contacto da vizinha para saber onde andavam as crianças. A mãe respondeu que não tinha e que a vizinha já devia estar longe, referiu que esta tinha ficado incumbida de deixar as crianças no autocarro e que estas depois sairiam sozinhas na paragem da escola, coisa que não fizeram.

Choveram mais perguntas e a mãe já mencionou que tinha dito à vizinha que poderia deixar as crianças na paragem que elas apanhavam o autocarro para a escola sozinhas. Eu estranhei a disparidade de informação que saia da boca daquela mãe mas calculo que tal aflição nos tolde o raciocínio e que às tantas não sejamos capazes de dizer coisa com coisa. A mãe só perguntava o que havia de fazer. Eu estive tentada a dizer-lhe que entrasse comigo no carro e iríamos atrás das crianças mas depois pensei que nem saberia onde procurar. Será que tinham ido até ao final do percurso? Será que saíram nalguma paragem? Será que chegaram de facto a entrar no autocarro?

Vou confessar que por uns momentos não senti pena daquela mãe mas sim raiva. Quem é que coloca duas crianças pequenas, a mais velha tem 7/8 anos ( anda na segunda classe) e o segundo não tem mais de 4 ( frequenta a pré-escola), num autocarro sozinhos e espera que vão sozinhos para a escola? Senti raiva porque aquelas crianças devem estar assustadas, perdidas nalgum sitio tudo, porque a mãe facilitou a situação.

Depois a razão disse-me que aquela mãe cometeu um erro. Provavelmente fez o que pensava ser melhor para os seus filhos, como todos nós fazemos todos os dias. Aquela mãe facilitou porque tem um terceiro filho mais pequeno e provavelmente não quis sair debaixo de chuva com os três. Todos os dias vejo aquela mãe vir a pé com as três crianças para deixar as mais velhas na escola e volta para trás com o pequeno. Não tenho a mais pequena duvida que é uma boa mãe e que apenas cometeu um erro. Só espero que este erro não lhe saia caro.

Acabei por vir embora sem que se soubesse do paradeiro das crianças. A maior parte dos pais afirmou que a mãe deveria esperar ali porque o motorista ao chegar ao fim do percurso iria perceber que tinha aquelas crianças e o mais provável é que as trouxesse para trás até à escola. Eu referi que deveriam informar a GNR para que estivesse alerta nas patrulhas que fazem pela Vila. A mãe olhou para mim com cara de pânico talvez pelo medo das repercussões que dai poderiam advir.

Acabei por vir embora mas não consigo esquecer aquelas duas crianças. Sei que só vou sossegar quando souber que está tudo bem com elas vou pedi ao marido que tente saber quando for buscar os nosso há escola.

Não consigo deixar de pensar que deveria ter feito mais para ajudar aquela mãe mas não soube como ajudar. E vocês o que acham que se deviria fazer numa situação destas?