Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Os meus meninos já bebem o biberão sozinhos. Eu sinto um misto de felicidade e tristeza. Sinto felicidade porque é sinal que estão a crescer e estão saudáveis. Mas ao mesmo tempo sinto um aperto no peito porque estão a crescer depressa de mais😟. Sinto o tempo a fugir por entre os dedos e não sei como o acompanhar. Já sei o que vai acontecer, por causa da experiência que tenho dos mais velhos. Sei que quando der conta vão ter 5/6 anos e ser totalmente autônomos. Nao há maneira de os manter assim pequenos para sempre?
Ontem ouvimos-te dizer que querias uma televisão nova então resolvemos ajudar. Hoje arrancamos o autocolante da televisão, enquanto a mãe se vestia, e divertimos-nos a acende-la e apaga-la na esperança que se estraga-se.
A mãe encontrou-nos assim.
Ainda tentamos por o autocolante no sitio para a mãe não ver mas não conseguimos. Sabemos que vais ter que colar aquilo novamente, porque a mãe não vai parar de te chatear até o fazeres. Por favor não uses supercola para podermos continuar com o nosso plano.
Fui desafiada pela mae de coração para descrever coisas que me dão nervos. Vou tentar mencionar só aquelas que me põem os cabelos em pé mas cheira-me que a lista vai ser longa. Desde já as minhas desculpas.
Vamos lá começar a desbobinar tudo o que me dá nervos:
Chegar atrasada (sendo que chegar a horas, para mim significa chegar atrasada. Fico danada para o resto do dia.)
Esperar ( odeio esperar, quer seja em consultas, filas de supermercado, por uma resposta ou simplesmente por alguém)
Pessoas que se julgam mais espertas que os outros ( daquelas que se acham uns génios, já leram as enciclopédias todas mas esquecem-se que a melhor escola é a própria vida)
Faltas de respeito (sejam de quem for. Nunca faltei ao respeito a ninguém e não admito que me façam tal coisa)
Pais que não dão educação aos filhos ( Pior, os que não dão educação aos filhos e não admitem que os outros o façam. Do género o filho bate no professor e os pais ainda vão tirar satisfações à escola, porque não tinham nada que colocar o menino de castigo só porque levantou a mão ao professor.)
Asneiras ( não gosto de as dizer, nem de as ouvir. Juro que ponho pimenta na língua no desgraçado do meu filho que disser uma asneira)
Condutores indecisos ( daqueles que param na rotunda, ou num cruzamento, embora não venha ninguém e arrancam depois quando vem um veiculo, acabando por fazer com que o outro tenha que quase parar. Sei que todos já assistiram a isso. Ficam entro ou não entro. Quando decidem que entram já está um carro em cima deles)
Pessoas que mastigam com a boca aberta ( só me apetece chorar)
Pessoas lentas, daquelas que parece que pedem licença a uma mão para mexer a outra ( no outro dia estava numa caixa do supermercado a conter-me para não dizer à menina da caixa que se desviasse que eu registava as coisas mais depressa)
Falta de higiene pessoal ( tenho um olfacto muito apurado e sofro imenso com os cheiros. Fico possuída quando me deparo com pessoas que às 9H da manhã já cheiram mal.)
Desarrumação ( dou por mim a querer arrumar mesmo que seja na casa de outra pessoa. É mais forte que eu)
Gritos ( não suporto gritos e odeio quando os meus filhos me fazem elevar o tom de voz para que me oiçam)
Pessoas que nunca encontram nada ( o meu marido é uma destas pessoas. Vai procurar algo e nunca encontra, eu chego ao sitio e encontro logo)
Passar o dia todo a sonhar com uma fatia do maravilhoso salame que fiz o fim-de-semana. Chegar a casa e descobrir que o marido comeu tudo ( esta situação repete-se com bolos, pudins, chocolates, gelados....e dá-me logo vontade de pedir o divórcio.)
Sair de casa para comprar ovos, voltar com o supermercado inteiro menos os ovos.
Ir a um supermercado diferente (as coisas estão todas em sítios diferentes o que implica gastar o triplo do tempo nas compras.)
Acordar todos os dias às 6:45H sem precisar de despertador ( há dias em que podia dormir mais um bocadinho e não consigo)
Estar a ver um filme ou série, adormecer no intervalo, acordar no intervalo seguinte e acordar novamente quando já terminou.
Colocar o jantar na mesa, chamar toda a gente para comer e ouvir: já vou! (que nervos)
Circular na rua a empurrar o carrinho dos gémeos e ainda ter que me desviar das pessoas que muitas vezes ainda param o caminho a mirar os miúdos. Podem olhar à vontade mas pelo menos desviem-se.
Pessoas que adoram ficar a conversar no meio dos corredores, ou no meio da rua impedido os outros de passarem
Ter que descer para a estrada porque está um carro estacionado a ocupar o passeio.
Pessoas que fazem coisas aos outros mas ficam ofendidas quando lhes fazem o mesmo.
Estar pronta para sair e aperceber-me que os mais velhos ainda não estão calçados embora tenha passado a ultima meia hora a manda-los calçar.
pessoas que passam ou tentam passar à frente das outras.
Pessoas que ocupam as caixas prioritárias e depois fingem não ver as grávidas, deficientes ou pessoas com bebés.
Acho melhor ficar por aqui porque daqui a nada ninguém fala comigo. Vão ficar a pensar que eu não gosto de nada
Na terça-feira fiz peitos de frango com molho de tomate. Tinha comprado uma lata de tomate no Lidl, na secção de produtos Italianos, e resolvi utilizar esta lata. Quando provei o molho senti um travo a picante, olhei para a lata e apercebi-me que não continha só tomate. Era sim uma mistura de tomate, pimentos e malagueta. Já não havia nada a fazer e tive que servir assim.
Os miúdos comeram tudo e ainda repetiram. O Leonardo disse-me:
- Mãe o teu comer está delicioso!
- Obrigado amor.
- Sabes este comer faz-me ficar com calor na boca.
Isto por aqui está confuso. Temos duas Catarinas, duas Cláudias e três Susanas o que dificulta muito quando existem telefonemas para alguém com este nome. Por norma as pessoas ligam e dizem que querem falar com a Susana, perguntamos o sobrenome e a pessoa não sabe, fantástico vamos lá tentar adivinhar para que é.
Agora começamos a receber telefonemas em que nos misturam os nomes. Do tipo pedem para falar com a Catarina F. Ora temos a Catarina R, a Catarina C e nada de Catarina F, temos sim uma Susana F.
Confusos? Também nós.
Há pouco atendi uma chamada em que a Sr.ª. me pediu para falar com uma Ana M.
- Não temos ninguém com esse nome temos uma Andreia M.
- Sim é mesmo com essa senhora.
- Pode dizer-me quem fala
- Ana M.
Então a senhora chamava-se Ana M e queria falar com a Ana M ?????
A sério? Chego a um ponto que começo a duvidar da minha sanidade mental. Por vezes fico a pensar se é a minha imaginação que me prega partidas
No domingo festejamos o primeiro aniversário da minha sobrinha. Custa a crer que já passou um ano, ainda ontem a fui conhecer à maternidade. A minha cunhada esmerou-se na festa. Ela e uma amiga fizeram um trabalho fantástico com o bolo que além de bonito estava muito saboroso.
Os meus meninos divertiram-se muito. Especialmente a experimentar os brinquedos novos da prima.
Adoraram o carrinho, não fossem eles rapazes. Fui dar com o Salvador a alçar a perna para se tentar sentar sozinho como faz ao que tem em casa. A diferença é que o que temos em casa não tem as protecções laterais.
Lá consegui tirar uma foto aos quatro. Não ficou perfeita mas é quase impossível ter os quatro quietos. Seguimos da festa para casa da prima e lá passamos o resto da tarde. Acabamos por chegar a casa perto das 20H, todos de rastos mas satisfeitos pelo convívio.
Isto está tudo doido. Estamos constantemente a ser expostos a noticias sobre o que comemos.
Ontem li: "que o queijo cria dependência por causa de um ingrediente chamado caseína, uma proteína presente em todos os produtos lácteos. Durante a digestão, a caseína liberta uma substância que provoca efeito semelhante aos opiáceos, porque estimulam os receptores de dopamina – a hormona responsável pela sensação" podem ler a noticia completa aqui
Depois li também sobre a grande polémica das carnes processadas serem potencializadoras de cancro e pus-me a pensar o que podemos comer afinal?
Ora as vacas andam loucas, as aves com gripe, os peixes estão cheios de metais pesados, o leite já não deve ser consumido, o queijo é tão viciante como a cocaína, a casca da fruta agora faz mal, a agua está cheia de químicos....
Afinal o que é que ainda é seguro comer?
Sim a OMS recomenda que consumamos mais carnes brancas em vez das vermelhas. Mas expliquem-me por favor como é que frango que é criado num aviário a base de ração é saudável. Sabem que a ração é feita com 10% de carne de frango. Então temos frangos a comer frangos. Não admira que nasçam num dia e passado meia dúzia de dias estejam prontos a ser consumidos.
Haverá quem pense que então o melhor será comer produtos biológicos. Eu pergunto: como temos a certeza que são biológicos? Temos assistido a uma série de informação sobre produtos fraudulentos neste sector. Como podemos ter a certeza que o produto é mesmo biológico?
Então vamos consumir só produtos que sejam cultivados por alguém que conheçamos. Daqueles que têm uma hortinha. Sim é uma alternativa mas estas hortas são regadas como? Com água canalizada que sabemos estar cheia de produtos tóxicos. Com água de furos ou poços que muitas vezes são piores que a água canalizada. Com água da chuva que quando desde pela atmosfera arrasta consigo poeiras tóxicas.
Relembro-me que quando tive a tirar o meu curso de qualidade alimentar, uma das professoras nos disse que passaríamos por uma fase em que iríamos quase deixar de comer. Rimos mas a verdade é que assim foi. Começamos a olhar para as coisas com outros olhos. Isto pode ter salmonela, isto pode ter staphtlococcus aureus, isto está cheio de sulfitos, isto de nitratos...
Até que depois, aos poucos, recomeçamos a comer. As coisas continuam a ter, ou a poder ter, aquilo tudo de que tínhamos medo mas passamos a aceitar correr o risco de apanhar ou não alguma doença de cada vez que comemos.
No fundo acho que das duas uma. Ou deixamos de comer, beber, respirar ( o ar está poluído, lembrem-se do caso da legionella) e morremos já. Ou vivemos perigosamente na perspectiva de poder ou não desenvolver uma doença.
Eu escolho viver perigosamente. Escolho fazer uma alimentação o mais equilibrada possível por acho que assim é que deve ser.
Passo a vida a dizer aos miúdos que eu sei tudo. Em parte para os desmotivar de me tentar enganar. Digo-lhes sempre que não adianta mentir porque eu sei tudo. Que não adianta tentar enganar-me porque eu sei tudo. Estão a ver o filme.
Na sexta-feira tive um momento daqueles com o Leonardo. O marido foi buscar os mais velhos à escola e levou-os com ele para o trabalho porque estava atarefadíssimo. Eu passei no trabalho dele para apanhar o Leo que tinha natação. A caminho da ginástica passamos por uma rotunda e o Leonardo gritou:
-Mãe é ali que eu quero ir. É naquele supermercado que vendem as cartas que eu quero.
Eu por acaso tinha ido à hora de almoço ao Lidl comprar meia dúzia de coisas, que se transformaram num saco cheio, e recebe um pacote das ditas cartas.
-Toma lá as cartas? - Digo enquanto lhe estendo o pacote.
-Mãe! Obrigado! Era mesmo isto que eu queria. Mãe, é mesmo verdade que tu sabes tudo. Até sabias que eu queria estas cartas.
Eu fui a rir-me o caminho todo com esta saída do meu filho. Claro que a mãe que sabe tudo, deveria saber que o mais velho também queria cartas. Agora tenho que lá ir comprar mais algumas coisas para ganhar mais uma carteirinha.
Afinal a mãe não sabe tudo, mas não digam nada aos meus filhos.