Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.
Desliguei o despertador que soava na mesa de cabeceira. PORRA! Já são horas de acordar? Estas noites estão a passar demasiado rápido. Parece que ainda agora me deitei e já são horas de levantar. PORRA!
Nem consigo abrir os olhos. Dói-me o corpo todo. Vou ficar aqui na ronha mais dez minutos até o despertador do marido tocar.
Deixo-me estar ali no quente da cama, sinto o sono a rondar, os olhos pesados. Estou quase a adormecer quando me recordo. PORRA! ainda só são três da manhã e tenho que dar o antibiótico ao Salvador.
Estava cheia de sede, fui à cozinha para beber água. Abri o armário para tirar um copo. Dou por mim com o jarro da água numa mão e com um prato na outra a tentar perceber o que eu ia fazer com aqueles dois objetos. Lá acabei por me lembrar que ia beber água e que devia trocar o prato por um copo 😂
Hoje de manhã meio ensinada fui lavar os dentes. Peguei na escova e em vez de colocar pasta de dentes deitei sabão líquido das mãos. Estive mesmo quase a enfiar a escova na boca mas estranhei a pasta estar a escorrer. Isto começa a ser preocupante...
O calor da cama fica mais convidativo. Noto que os rapazes dormem mais e é mais difícil acorda-los. Agora ainda é de dia quando acordamos mas dentro de dias a história vai mudar. Não basta sair do trabalho já com a noite cerrada e o frio a apertar. A única coisa que apetece é enroscar no sofá assim que entramos em casa.
De manhã os rapazes queixam-se que está frio quando saltam da cama e reclamam por terem que vestir mais roupa. A antecipação do natal começa a sentir-se. Existem enfeites por todo o lado. Os canais de televisão já passam mais tempo a passar reclames de brinquedos do que a própria programação. Eu sinto-me cansada. Olho para o calendário e vejo o mês de Dezembro quase a chegar. Olho para todos aqueles fins de semana prolongados e para a semana de férias que vou gozar e sinto-me logo com mais força.
Mais uns dias de frio e vamos ficar todos juntos. Vamos poder passear e brincar. Até lá vamos vivendo um dia de cada vez.
Gostava de conseguir escrever mais mas a verdade é que não tenho conseguido. Não vou dar a desculpa que é por falta de tempo porque não é totalmente verdade. Sim o tempo não é muito mas se tivesse, de facto, vontade conseguia arranjar um pouco. A verdade é que ando um pouco desanimada. Com o quê? Não sei bem. Com tudo e com nada. Porquê? Aos olhos dos outros, sem motivo aparente. Já perdi a conta às vezes que o marido me perguntou porque ando assim e a verdade é que nem eu sei bem.
Em parte acho que estou a sentir falta da semana que costumamos passar fora e que este não se concretizou. Pode parecer mentira mas essa semana é o suficiente para recuperar energias e este ano com a mudança de casa ainda tinha mais para repor. Sim tivemos férias mas estivemos sempre ocupados. Tínhamos muita coisa para resolver devido à mudança e quando demos por nós estávamos de volta ao trabalho.
O trabalho também não ajuda. Há anos que vemos coisas más e que esperamos que mudem. Fomos comprados uma vez e tivemos esperanças que a coisa entrasse nos eixos. Contudo depressa percebemos que iria ficar tudo na mesma. Meia dúzia de nós continuámos a remar contra a corrente e a tentar melhorar o que podíamos contudo quando nos cortam as pernas é difícil avançar. Os anos foram passando e as pessoas foram ficando cansadas. Fomos comprados novamente e o nosso coração encheu-se de esperança. A empresa entrou em grande, fez muitas mudanças e acreditamos que finalmente tinha chegado a resposta para as nossa preces. Contudo quando pensávamos que estacamos a começar a subir a montanha veio uma avalanche e voltamos ao inicio. Os poucos que remavam contra a corrente e começaram a desistir um por um e ninguém os pode culpar.
Fica uma situação de desanimo e de tristeza. Por muito que digamos à boca cheia que não nos importamos a verdade é que apenas nos tentamos enganar a nós próprios. A verdade é que o nosso coração sofre e continua a ter esperança que alguém abra os olhos e perceba que algo está mal. Até lá vamos dizendo a nós mesmos que não nos importamos e pode ser que um dia isso seja de facto verdade.
A mãe está cansada e gostava de descansar. A mãe passou os últimos dois meses a limpar e arrumar casas, uma para deixar outra para viver A mãe limpou tinta. A mãe limpou calcário. A mãe limpou porcaria até mais não, a mãe até limpou coisas que nem conseguia saber o que eram (provavelmente melhor assim). A mãe viu as duas semanas de férias encurtadas por razões laborais. Agora finalmente a mãe está de férias e a única coisa que queria era dormir mais um pouco de manhã. Será que é pedir muito?
Parece que talvez seja um pedido demasiado ambicioso. A mãe acordou hoje às 6 horas da manhã com o robot a aspirar a casa e teve que fazer uma corrida até ao piso de baixo antes que o barulho acordasse a casa toda.
A mãe pensou que gosta muito do robótica mas se ele aspira mais vezes a esta hora vai ficar de castigo.
Três dias de trabalho e parece que já trabalhei um mês inteiro. Trabalho, trabalho e trabalho para onde quer que olhe. Por mais que corra está sempre tanto para fazer. As oito horas transformaram-se em dez, onze, doze e mesmo assim ainda à tanto para fazer.
Regresso a casa cansada, exausta sem vontade para nada. Se pudesse chegava tomava banho e enfiava-me na cama. Não para dormir porque o meu cérebro anda a funcionar em excesso e não me têm deixado dormir muito bem, mas para descansar o corpo. Contudo os rapazes precisam de atenção e sentem a minha falta. Desde que chego a casa já só me querem a mim. Querem vir para o meu colo, querem que seja eu a dar água, querem que seja eu a brincar com eles...
Estava a tomar banho quando me lembrei que necessitava cortar as unhas dos pés ou caso contrário teria que começar a comprar sapatos um numero acima. Pensei para mim que desse por onde desse ia fazê-lo de seguida mesmo que isso implicasse que os gémeos arrombassem da casa de banho. Sai do banho, sequei-me e ignorando os gritos, choros e encontrões na porta sentei-me para cortar as unhas. Preparei-me para iniciar a tarefa e qual é o meu espanto quando vejo umas unhas recentemente cortadas. Olhei, tornei a olhar e disse para mim própria ( sim falo para mim própria muitas vezes, Já me disseram que é sinal de loucura mas não consigo evitar:
- QUANDO RAIO É QUE TU CORTASTE AS UNHAS? NÃO ME LEMBRO DE O FAZER.
Já se passaram uns dias e eu continuo sem perceber o que aconteceu. Já revivi os últimos dias vezes e vezes sem conta e não me recordo de ter feito o serviço. Será que o fiz em estado sonâmbulo?
Estou demasiado cansada para conseguir chegar a uma conclusão sobre o assunto mas preciso de algo para me elevar a moral por isso digam-me que não sou a única a esquecer coisas destas.
Ando cansada, ou melhor ando exausta. Não por causa dos pequenos que têm dormido lindamente mas sim por causa da minha cabeça que teima em não sossegar.
O marido vai para a cama cedo porque tem que sair de madrugada e eu deixo-me ficar no sofá a ver uma série. Por norma consigo ver cerca de vinte minutos antes de adormecer. Acordo cerca de meia hora mais tarde e vou para a cama. Acontece que entre a sala e a cama a minha cabeça resolve despertar. Deito-me e tento dormir. Os pensamentos ganham vida própria e passam a uma velocidade vertiginosa. Eu quero dormir mas não consigo parar aquela avalanche de ideias que me desfilam diante dos olhos. Passado uma hora desisto e volta para o sofá. Acabo de ver a série, isto é, tenho sorte se conseguir acabar a série antes de adormecer. Acordo novamente toda torta e vou para cama. Mais uma vez a minha cabeça resolve lembrar-se de tudo e mais alguma coisa e não me deixa dormir. Desisto ao fim de uma hora, volto para a sala....
Provavelmente já perceberam que é um ciclo vicioso. Acabo por adormecer na cama quase à hora de o marido deitar. O despertador toca cerca de três horas depois contudo, parece-me que só passaram minutos.
Gostava mesmo de descobrir onde desligo estes pensamentos para conseguir dormir descansada.