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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Será que ainda resta alguma coisa para arder?

Esta é a pergunta que me passa pela mente cada vez que vejo os estragos que o fogo têm provocado. Milhares e milhares de hectares ardidos. Pessoas que perderam casas, pessoas que perderam vidas e muitas outras que ficaram feridas. Números assustadores e chocantes mas que não devem ficar por aqui. O fogo continua a arder incessantemente e leva tudo à sua frente. Os bombeiros e os residentes fazem o que podem com os meios que têm. Arriscam a vida, saltam refeições e descansos tudo porque nesta batalha não há tréguas.

Há uns anos atrás ocorreu um enorme fogo perto da aldeia onde o meu pai nasceu. O fogo cresceu de tal forma e com tamanha rapidez que cercou a aldeia. Ninguém lá conseguia chegar. Ninguém sabia o que era feito das poucas pessoas que lá estavam. Andamos um dia inteiro com o coração nas mãos questionando-nos se os nosso primos e outros habitantes estariam vivos. Ligávamos para aldeias vizinhas para saber se alguém sabia noticias. A aldeia tem um posto de abastecimento de combustível e temia-se o pior. Acabamos por ser informados que os habitantes das aldeias vizinhas tinham ouvido explosões e pensamos que a história tinha acabado em tragédia.

A verdade é que apesar de tudo só houve perdas materiais. Os poucos habitantes uniram-se e salvaram as casas e a bomba de combustível. Perderam-se algumas casas e alguns carros que originaram as explosões. O principal de tudo é que não se perdeu vida nenhuma.

Apesar de tudo ter acabado bem nunca vou esquecer a angustia que vivemos. A dor que sentimos quando chegamos e vimos aquela imensidão de negro. Tudo o que habitualmente era verde estava preto. O cheiro a queimado predominou no ar durante meses. Deixamos de ouvir o cantar dos pássaros durante o dia e o som das rãs há noite.

É uma imagem que nunca cairá no meu esquecimento e que não desejo a ninguém. Peço a toda a hora para que o tempo dê uma mão a todos os magníficos que combatem este monstro e que o consigam vencer. Porque ninguém merece perder tudo para o fogo. O pior de tudo é saber que são seres humanos que fazem isto a outros seres humanos. 

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2 comentários

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    Catarina 11.08.2016

    Estamos todos a sofrer.
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