Já nem fico envergonhada
Ontem ao sair da escola o Santiago desatou a correr de braços abertos enquanto gritava pai. Eu segui o rapaz com o olhar sabendo que o meu marido não estava nem por perto. Vi-o então correr para um homem que nem sequer era parecido com o marido. O senhor parou com ar surpreso perante a criança que corria para ele, depois olhou para mim e o eu olhar dizia: "não sei o que andas-te a dizer ao rapaz mas eu nunca te vi na vida". Eu limitei-me abaixar o olhar para o pequeno, peguei-lhe na mão e disse-lhe que o pai estava em casa.
Continuamos o percurso até ao carro. Estava a ajudar o Salvador a entrar quando oiço:
- Guilherme estás aqui.
Levanto os olhos e vejo que o Santiago se prepara para abraçar um miúdo que também não era o irmão. O rapaz e a mãe olhavam de forma confusa para o pequeno. Eu tive que intervir dizendo ao rapaz que estava enganado e não era o irmão.
O rapaz estava especialmente confuso ontem e cheguei a pensar se deveria voltar com ele ao oftalmologista. Seria de esperar que ficasse envergonhada com o assunto mas já nem ligo. Digamos que ao fim de quatro já passei tantas vergonhas que fiquei imune.