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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Os meus rapazes

Ontem cheguei a casa completamente de rastos. Trabalhei das oito da manhã até às nove e trinta da noite. Vinha exausta, irritada,stressada. Tive um dia tão louco que quando entrei em casa percebi que nem tinha ido à casa de banho durante o dia. Obriguei-me a comer uma sandes e arrastei-me para  a cama. Deitei-me com os rapazes para os adormecer mas eles não estavam muito para ai virados. Estavam com saudades minha e queriam brincar enquanto que eu só queria descansar um pouco.

Tive que ralhar para pararem quietos. Finalmente fez-se silencio e a minha barriga resolve começar a fazer ruídos. Acho que se estava a queixar de ter estado mais de sete horas sem comer e depois só receber uma sandes. O Salvador começou a dizer que a minha barriga estava a falar. Eu disse-lhe para se calar. A barriga fez novamente ruído e ele começou a rir. Durante um bocado ficamos ali assim, ouviam-se barulho da minha barriga e ele ria-se às gargalhadas. Soube tão bem ouvir as gargalhadas dele que são a coisa mais deliciosa do mundo. Quando dei por mim já não estava cansada nem stressada. Apenas me apetecia ouvi-lo rir a noite toda.

Estes meninos trazem o melhor de mim ao de cima.

O meu maior receio aconteceu.

Resolvemos inscrever os gémeos na pré-escola publica. Não havia certeza que entrassem mas tínhamos muitas esperanças. Sim isso implica mudar de escola novamente mas de qualquer forma já ia mudar tudo na creche onde andam. Iriam também passar para as salas da pré, pelo que vão ter educadoras e auxiliares novas. Assim sendo resolvemos ver se os conseguíamos colocar na escola publica para não termos que lidar com três estabelecimentos diferentes durante o próximo ano lectivo.

Entretanto soubemos que os pequenos entraram mas o Leonardo não. A escola está cheia e não à lugar para o rapaz que foi colocado numa escola um pouco mais à frente. Pensei então em ver se conseguia mudar os gémeos para ao pé do Leonardo mas a escola não tem salas de pré.

Assim fiquei resignada ao facto de que uma das coisas que eu mais temia se vai realizar. Vamos ter que lidar com três escolas diferentes em vez de apenas duas e uma ao lado da outra. Agora resta-me esperar para ver o horário do Guilherme para perceber se é compatível com os horários dos irmãos.

O pior de tudo é que este filme vai continuar durante os próximos dois anos até o Leonardo passar para o quinto ano. Tenho esperanças que no fim não seja tão mal como eu penso que vai ser. Tenho receio principalmente na escola do Leonardo. Não existe sitio nenhum para parar o carro. Eu não me importo de andar e deixar o carro longe. O problema é que não o posso fazer isso e deixar os dois pequenos no carro. Também não me parece viável tira-los todos do carro. Iria demorar o dobro do tempo a fazer o percurso carro escola e o contrário e ainda teria que lidar outra vez com as cadeiras. Penso que vou ter que deixar os pequenos primeiro e o Leo depois.

Isto aliado ao facto de irmos lidar com um 5º ano pela primeira vez. Olho para o meu Guilherme e vejo a sua recusa em crescer. Em parte é bom que preserve a sua inocência mas por outro lado fico assustada. Vai para uma escola grande onde não haverá quem tome conta dele. Vai ser tudo novo. O ensino vai ser mais difícil e ele não está minimamente preocupado. Não sei bem como é que vamos arranjar tempo para o ajudar a estudar e trabalhar. Uma coisa é fazer testes de três disciplinas outra coisa é ter sete. Vamos ver como será. Só sei que o inicio do ano escolar está mesmo ai e a minha ansiedade está a aumentar.

Agora tenho medo de ir ao quintal à noite

Tudo começou um dia destes quando nos tocaram à campainha perto de meia noite. Acendemos as luzes de fora da casa e fomos à porta. Não vimos ninguém à frente pelo que resolvemos espreitar no quintal. Olhamos para fora e nada. Percebemos que foi uma brincadeira e preparamos-nos para voltar para a cama. Eu reparei numa coisa escura que estava no mosaico do quintal.

- Aquilo é um sapo?- questionei

- Não sei.

O marido saiu, aproximou-se e o animal não se mexeu. O marido deu-lhe um encosto com o pé e ele lá deu um pequeno salto. Lembrei-me logo que, nos primeiros dias quando estávamos a mexer na terra debaixo das árvores, o marido tinha dito que tinha visto um sapo a saltar. Na altura olhamos e não vimos nada pelo que acabamos por presumir que tinha sido uma ilusão. Percebemos nessa altura que afinal tínhamos um sapo no quintal e que não deve conseguir sair devido ao tamanho dos muros. Decidimos logo que seria mais um inquilino afinal estamos numa zona em que existem todos os tipos de animais.

A questão é que agora tenho medo de ir ao quintal depois de escurecer. Não, não tenho medo de sapos mas tenho medo de não o ver e o esborrachar.

Não se consegue fazer planos a dois

Estamos a pensar tirar um fim de semana só para nós. É raro termos tempo para estar juntos e por vezes sentimos falta disso. É certo que os avós às vezes levam os rapazes por uma noite ou duas mas, se ficamos em casa aproveitamos o facto de não estarem para fazer coisas que não conseguimos fazer com eles a andar de um lado para o outro. O resultado é que embora estejamos sozinhos acabamos por não passar muito tempo juntos. Resolvemos então tirar um fim de semana, juntamos o facto do nosso aniversário de casamento e o aniversário do marido que se aproxima e temos motivos para festejar a dois.

Ora tenho andado a ver opções de viagem. Onde ficar, como ficar, onde comer, o que visitar...Um dia destes, à noite, estava a mostrar opções ao marido para tomarmos decisões. Quando dou por mim tinha os dois mais velhos de volta de nós.

- Vamos ficar nesse hotel?

- Eu não gosto desse, é um pouco seca!

- Esse é mais ou menos.

- Aquele, escolhe aquele! Tem piscina!

- Vamos comer ai?

- Acho que não vou gostar de comer isso.

- Que comer é esse?

Acabei por desistir porque já não conseguia mais ouvir tamanho interrogatório. Fechei o computador e deixei a reserva para outro dia. Estes rapazes tem um sentido de oportunidade à dias em que vão todos ver bonecos e nem aparecem a noite toda. Outros, quando queremos ver alguma coisa ou precisamos de fazer alguma coisa, não nos desamparam a loja. Também sofrem do mesmo mal por ai?

Tenho dois coopilotos

Sim, não tenho um mas sim dois rapazes pequenos que acham que me podem ajudar a conduzir. Eu conduzo e ele vão gritando indicações.

- Mãe para ali!

- O filho o caminho é por aqui.

- Não, eu quero ir para ali.

- Amanhã vamos para ali.

 

- Mãe anda!

- Não posso o sinal está vermelho.

- Não tá verde? Já está! Vai, vai.

 

- Mãe mais depressa!

- Não posso ir mais depressa.

- É uma corrida de carros! Mais depressa!

 

Mas a que eu prefiro mais é:

- Mãe hoje não bamos à cola?

- Não vão à escola? Já vou aqui? Vão para a escola sim, a mãe enganou-se. Vamos dar a volta aqui na rotunda e voltar pra trás.

 

Qual é o melhor horário de trabalho?

Ontem no trabalho estava a conversar com um colega sobre horários de trabalho. Tudo começou quando mencionei que o marido por volta das 14H já costuma estar em casa. O colega referiu que isso é que era um horário e que eu devia ficar ruída de inveja quando me cruzava com o marido à porta de casa. Ele de regresso a casa e eu de volta ao trabalho. Eu disse que de facto ficava com um pouco de inveja de ele ficar a tarde em casa mas que por outro lado não invejava nada o facto de sair de casa às 4:30H da manhã. O colega acabou por sorrir e concordar comigo.

Toda esta conversa deixou-me a pensar qual será o melhor horário de trabalho. Se calhar a melhor  pessoa para falar sobre isso era o meu marido porque já perdia a conta aos horários que já experimentou. Só posso falar um pouco como companheira o que achei destas experiências.

Acho que o que menos gostamos foi mesmo do turno noturno. Inicialmente não nos fez diferença mas com o passar dos anos começou a deixar marcas.Claro que o facto de chegar a trabalhar mais de doze horas ainda contribuiu mais para o descalabro. Contudo apesar de não ter saudades deste tempos também tinha as suas vantagens. O marido acabava por ter tempo durante o dia para tratar de assuntos. Não tínhamos o problema de ter que faltar ou perder horas de trabalho porque os CTT, o banco ou as finanças funcionam em horários sobrepostos aos nossos.

Também já experimentámos o horário das 16H às 23H. Acho que de todos foi o horário que mais agradou ao marido ou talvez fosse apenas do ambiente da empresa. Eu gostava de o ver satisfeito. Tinha imenso tempo disponível e eu não precisava de me ralar com nada. No entanto nem tudo era perfeito. Ao fim do dia eu ficava com os dois rapazes e tinha que fazer tudo sozinha.

Também já experimentou o horário das 8H as 17H. Gostamos de sair e chegar a casa ao mesmo tempo. Tínhamos mais tempo juntos em casa. Eu tinha ajuda de manhã e ao fim do dia. Contudo nenhum tinha disponibilidade para tratar de assunto.

Neste momento gosto do horário que tem. Está connosco em casa ao fim do dia. Sai cedo e passa a tarde com os rapazes. Têm disponibilidade para os ir buscar à escola. Por vezes quando chego a casa já está tudo de banho tomado e está a ajudar os mais velhos nos trabalhos. No fundo é um bom horário mas confesso que fico de coração partido quando o despertador toca de madrugada. No verão não custa tanto mas quando chega o inverno e está um frio de rachar, ou chove torrencialmente na rua, custa-me tanto.

No fundo a verdade é que não existe horário perfeito. Todos têm os seus pró e contras. Também a personalidade da pessoa influencia o facto de se conseguir ou não adaptar a determinados turnos.

Por ai qual preferem?

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