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Quatro Reizinhos

Uma mãe obsessiva, um pai muito stressado e 4 filhotes. O mais velho hiperativo, o segundo com um feitio muito particular e dois bebes gemeos. Tanta cabeça debaixo do mesmo tecto não pode dar coisa boa.

Olá Julho!

Não sempre gostei de Julho. É um mês quente, é um mês de verão, é um mês de férias. Mesmo assim não estava na lista dos meus preferidos. Não sei bem porquê mas sempre preferi o seu irmão Junho.

Os anos foram passando e o meu gosto por Julho foi crescendo. Comecei a apresiar os seus dias longos. Os seus dias quentes mas não demasiado quentes. Passei a gostar de ver as praias cheias de colónias de férias. Adoro ver a organização com que chegam e que mantém até a hora de partir.

Passei ainda a desfrutar do trânsito que diminui substancialmente nesta altura do ano.

Entretanto em 2014 fomos surpreendidos com o nascimento dos gémeos no dia 11 e este mês ganhou um novo significado para mim. Subiu rápidamente na minha lista de preferidos e ganho um lugar de topo. Agora, todos os anos festejamos o aniversário dos rapazes mas festejamos ainda mais a vitória na nossa batalha. Julho será sempre o mês em que vi e peguei os meus pequenos bebés pela primeira vez. Será sempre o mês em que eles travaram a sua luta contra a prematuridade da qual saíram vencedores.

Hoje em dia é um mês de alergia, de festa e união familiar. 

Estou a criar um génio ou um cromo? Ainda não percebi.

O Leonardo não para de me surpreender. As notas continuam excelentes, a capacidade de raciocínio é extraordinária. Com sete anos já leu aos 11 livros da colecção do Diário do Banana sem contar com outros mais simples cujo numero é impossível de acompanhar. Ontem mesmo dei-lhe um livro de 150 páginas à hora de almoço para ler um pouco durante a tarde. Quando voltei quatro horas depois já tinha terminado o livro.

Deparei-me agora com o novo passatempo dele. Adora pegar no tablet ou algo com Internet, abre o Google, escreve palavras e lê o que aparece sobre essas palavras. Ontem à noite repetia em voz alta que as panquecas surgiram à mais de 9 mil anos em França por acidente. De seguida já estava a contar a história de outra coisa qualquer.

Não sei se estou a criar um génio ou um cromo. Digam a vossa justiça, por favor. 

Bom versus mau

Uma das coisas que mais gosto desta zona para onde moramos é a tranquilidade. É um sossego imenso. Um sossego da parte dos ruídos produzidos pelas pessoas porque os dos animais estão bem pressentes. Todos os dias adormeço com os grilos a cantar e acordo com o chilrear do pássaros. À noite consigo visualizar um céu perfeitamente estrelado já me tinha esquecido da quantidade de pontos brilhantes que conseguimos ver quando a luz das cidades não os ofusca.

No entanto nem tudo é perfeito, temos um problema com insectos. Se não tivermos cuidado temos moscas por todo o lado. Se deixamos uma migalha no chão depressa temos um carreiro de formigas que entram pela porta aberta do quintal até ao alimento. O pior, o pior de tudo são as melgas. Acho que ainda não ouve uma noite em que não tenha ouvido o zumbido de uma melga. Se estamos na sala vemos uma à frente da televisão. Se vou adormecer os pequenos deparo-me com uma no quarto. Depois encontro outra no meu. Passamos a vida a caça-las mas mesmo assim escapa sempre alguma, os rapazes andam todos mordidos. É assim não há nada perfeito na vida. Já agora se tiverem um remédio milagroso para acabar com as melgas não deixem de partilhar, por favor.

Discussões entre gémeos

Ontem a caminho de casa perguntei aos pequenos o que tinham comido na escola. O Santiago respondeu:

- Sopa, massa, chicha.

-Muito bem, e comeram mais alguma coisa?

- Apece.

- Alperce?
- Sim.

- E tu Salvador?

- Papei lalanja.

- Comeste laranja?

- Sim.

- Não apece! - grita o Santiago

- Lalanja. - afirma o Salvador

- APECE!

- LALANJA!

- APECE!

- LALANJA!

Ás tantas como não conseguiam chegar a um consenso tentaram resolver o problema de outra maneira e começaram a bater um no outro. Tive que me zangar mas não consigo deixar de achar piada à forma como discutem um com o outro.

 

Orgulho de mãe

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O meu coração transborda de orgulho por este meu rapaz finalista. Nem acredito que conseguimos. Remamos contra marés intensas debaixo de tempestades. Lutamos uma batalha que muitos pensavam estar perdida desde o inicio. Eramos o David e o adversário o Golias. Foi difícil. Muito choro e sensação de impotência. Muitas incertezas sobre se estávamos a fazer o caminho certo. Muitas duvidas sobre se estávamos a ser bons pais nesta decisão de contrariar os médicos.

No fim da tempestade veio a bonança e consigo ver um  céu azul. Vejo o meu rapaz finalista com uma média de bons e zero medicamentos. Fico babada com o feito que ele alcançou e sonho com o que poderá ainda alcançar. Sei que esta tempestade passou mas as próximas serão ainda maiores. O estudo vai complicar e não espero que seja fácil acompanhar mas cá estaremos para o ajudar a lutar.

 

Há muito tempo que não fazia uma directa

E foi o que fiz de sábado para domingo. Sai de casa um pouco depois da meia noite e só voltei depois das sete da manhã. De certeza que querem saber onde é que uma mãe de quatro vai fazer uma noitada assim. Estão roidinhos para saber como consigo ter tempo e energia para uma directa, não estão?

Pois vou dizer-vos que fui a um sitio muito emocionante e fui muito bem tratada. Claro que não fui sozinha mas não levei nenhuma das companhias que devem estar a pensar. Na verdade o meu companheiro de noitada foi nada mais, nada menos, que o senhor Santiago. Foi uma noite emocionante para os dois onde tivemos direito a colheita de sangue, RX, clisteres, análises urinárias. Tivemos também um rol de médicos a tentar perceber passa com o rapaz. Muitos foram os possíveis diagnósticos mas nenhum se comprovou. Acabamos por voltar a casa com a indicação de vigiar o peso do rapaz e voltar um dia ou dois depois se a situação persistir, devemos voltar de dia para poderem fazer uma ecografia ao abdómen.

O dia de ontem foi igual, ele passou o dia aos caídos, sempre a choramingar. Vamos esperar que hoje melhore. Custa muito ver os nossos filhos doentes mas custa ainda mais quando não sabemos o que é.

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Um pequeno descuido

Este episódio que vos vou contar passou-se poucos dias depois de termos mudado de casa e tirou-nos anos de vida. Infelizmente facilitamos o problema sem nos apercebermos. Acontece que o anterior proprietário deixou as chaves nas respectivas portas. As chaves estavam todas do lado de dentro e nós nem nos apercebemos porque estávamos habituados a não usar chaves. 

Os primeiros dias na casa foram muito complicados, só parávamos para dormir e pouco. Andávamos cansados e talvez por isso, desatentos. Enquanto preparava tudo para irmos deitar os rapazes, os pequenos entraram no quarto de dormir e fecharam a porta. Até ai tudo bem porque eles gostam de brincar assim. O pânico começou quando tentei abrir a porta e esta não se mexeu. Gritei aos rapazes para deixarem de fazer força mas depressa percebi que não era por isso que esta não abria. Vi então que um dos rapazes tinha trancado a porta e retirado a chave. Chamei o marido para tentarmos arranjar uma solução. Os estores estavam corridos pelo que não havia maneira de entrar pela janela. A porta não tinha folga para que os rapazes nos pudessem passar a  chave. Fomos buscar as chaves todas das outras portas esperando que uma delas funcionasse mas nada. Pedimos ao Santiago que tentasse colocar a chave na fechadura e a rodasse. Ele conseguiu coloca-la no sitio mas não tinha força para destrancar a fechadura. Nós insistíamos com ele para continuar a tentar e ele estava a começam a ficar aflito. O marido já só dizia que tinha que rebentar a porta. Felizmente teve outra ideia e resolvemos experimentar. Colocou uma chave de fendas debaixo da porta e fez com que funcionasse como uma pequena alavanca. Isso proporcionou espaço suficiente para que o Santiago conseguisse passar a chave.

Abrimos a porta com o coração a mil e a primeira coisa que fizemos foi esconder as chaves todas. Um pequeno descuido e estes rapazes dão cabo de nós.

As pernas dos meus filhos

As pernas dos meus filhos mudaram. Em pouco mais de três semanas deixaram de ter umas pernas lindas, de pele branca e macia. Hoje olho para elas e vejo uma pele encardida, cheia de negras e de crostas. Não há um milímetro que não tenha mazela.

O marido resmunga cada vez que olha para eles. Diz-lhes que não tem cuidado nenhum e que parecem uns índios com as pernas todas esfoladas. Preocupa-se com o que os outros podem pensar ao ver os rapazes nesse estado.

Eu cá não me preocupo com isso. Não quero saber o que os outros podem pensar. Tudo o que me importa é o que eu penso quando olho para os meus filhos e o que eu vejo é felicidade. São marcas de liberdade, de aventuras, de quedas. São marcas de aprendizagem e de tentativa erro. Vejo-os caírem e levantarem-se sem se queixarem, tamanha é a vontade de continuar a brincar. Vejo-os explorar e por vezes magoar-se. Claro que me custa quando se magoam mas também sei que de cada queda tiram uma lição, lições estas que os vão ajudar ao longo da vida. 

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